O mercado de trabalho no Rio voltado para a área de Tecnologia da Informação (TI) continuará aquecido em 2015, impulsionado pela proximidade dos Jogos Olímpicos de 2016, pelo desenvolvimento da indústria de petróleo e gás e pela evolução do setor de serviços.
A previsão é que a demanda por profissionais especializados aumente, no mínimo, 8% no estado. O número reflete um aspecto positivo deste segmento: mesmo com incertezas que rondam a economia brasileira, a estagnação na área de TI é algo hoje impensável pelos especialistas.
Segundo maior mercado de TI do Brasil, o Rio de Janeiro conta com 3.103 estabelecimentos voltados para o setor, número que cresce a uma média de 6,4% a cada ano. Muitas oportunidades de emprego nessa área estão concentradas em Campos, no Norte Fluminense, que apresentou, entre 2007 e 2013, a maior quantidade de empresas de TI criadas no estado (22,2%), seguido por Macaé e Petrópolis, ambos com 10%. A capital vem em sequência, com 6,3%. Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (TI Rio).
Competitividade
O presidente do TI Rio, Benito Paret, informa que, nos últimos anos, centenas de empregos desembarcaram no Rio de Janeiro por conta dos investimentos ligados ao pré-sal e à realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos de 2016. Além disso, existe o setor de serviços e varejo que evolui e quer ganhar competitividade.
– Isso gerou uma demanda enorme por profissionais de TI, pois essas empresas precisam estabelecer sistemas e cuidar da segurança da rede.
Hoje, o Rio de Janeiro conta com pouco mais de 49 mil funcionários atuando nesse setor. Um dos pontos fortes do estado são os centros de qualificação de mão de obra para aturar em Tecnologia da Informação.
O Rio de Janeiro é considerado um polo de formação de especialistas – existe no estado um grande número de cursos universitários, além de laboratórios e parques tecnológicos que abrigam empresas de TI e empregam profissionais.
– Sem dúvida, esse é um dos motivos que levam o Rio a ocupar um lugar de destaque no mercado – acrescenta Benito. De acordo com os dados do TI Rio, a formação de profissionais qualificados deste segmento no Rio de Janeiro apresentou bom crescimento nos últimos anos. Na comparação entre 2007 e 2013, o número de alunos matriculados em cursos de bacharel/licenciatura em TI passou de 1 mil para 1,5 mil. Já o número de tecnólogos subiu de 2,1 mil para 2,8 mil. Entre 2006 e 2012, por exemplo, a quantidade de cursos de bacharelado cresceu de 74 para 86 no estado.
Demanda aquecida por profissionais qualificados
Há pelo menos quatro anos, o mercado de trabalho na área de TI se mantém aquecido no Rio de Janeiro. A avaliação é do sócio da MSA Recursos Humanos, Ricardo Sion, que acrescenta: em mundo cada vez mais tecnológico e conectado, as empresas não querem ficar pra trás e investem em sistemas e programas de computador que possam gerar produtividade e reduzir os custos, o que leva a um aumento da demanda por profissionais qualificados na área.
Segundo ele, esse é um dos fatores, inclusive, que garante o fortalecimento do mercado de TI não só no Rio, mas também em outros estados do país, apesar do desaquecimento da economia brasileira nos últimos dois anos. Geralmente, em tempos de crise, muitas empresas cortam gastos, mas as ações relacionadas à Tecnologia da Informação são preservadas, justamente por serem estratégicas.
– É um segmento que cresce independentemente se a economia vai bem ou mal. A cada ano, esse setor apresenta taxas médias de crescimento três a quatro vezes superiores às do PIB brasileiro. É um número significativo e que ajudar a manter o ritmo de contratações nessa área – pontua Sion.
Profissionais com especialização de cloud computing, mobility, big data, desenvolvimento de aplicativos e jogos para smartphone e tablets e segurança de rede serão os mais demandados esse ano. Gerentes de projetos, que apresentam características técnicas e de liderança, também estão no raio de procura das empresas.
O profissional precisa ficar atento à necessidade de investir na própria carreira. Cursos de certificação em programas de TI são critérios exigidos por muitas companhias para a contratação de funcionário. Na maioria das vezes, a apresentação de certificação é mais valorizada pelo gestor de uma empresa do que o diploma de pós-graduação. Inglês fluente também é fundamental – todos os materiais ligados a esta área estão escritos nesse idioma.
Em geral, profissionais, que atuam na área de TI são formados em engenharia da computação, engenharia de processos, informática e matemática. Os salários médios de funcionários de TI variam entre R$8 mil e R$10 mil, mas podem ser maiores dependendo do grau de experiência.
Na opinião de André Baptista Barcaui, coordenador de MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as empresas desse setor, sem dúvida alguma, enfrentam falta de mão de obra especializada.
– Não tenho sequer um aluno desempregado e, pelo que vejo, eles mudam de emprego muito rapidamente, Sinal de que o mercado apresenta uma demanda crescente, mas a oferta ainda não é suficiente.
Jornal: O Globo
Data: 15/03/2015
Caderno: Boa Chance
Página: Contracapa