Desperta atenção o Plano “Made in China 2025”, iniciativa para melhorar e incrementar a economia chinesa, através das ferramentas de Tecnologia da Informação, com foco na inovação, empreendedorismo, parques tecnológicos e incentivo a startups.
No Brasil, os antigos planos trienais, criados principalmente nos anos 70, foram propulsores de nosso desenvolvimento, enquanto nas últimas décadas os planos foram descontinuados ou sequer implementados. No caso do Rio, nos últimos anos apostou-se nos setores de petróleo e dos grandes eventos, que, afetados pela crise, revelaram-se insuficientes para gerar um desenvolvimento sócio-econômico sustentável.
Podemos nos inspirar neste Plano “Made in China” para procurar alternativas para o Estado? Segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups, das 4.200 empresas identificadas em 2017, a maior parte se concentra na região Sudeste e atuam com mais força em setores como web app, internet e educação, áreas em que temos enormes capacidades acadêmicas de pesquisa e desenvolvimento. No entanto, em estudo publicado pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios e pelo jornal Valor Econômico, das 100 empresas com grande potencial identificadas no país, apenas quatro estão sediadas no Rio de Janeiro.
Felizmente acende-se uma luz com a recém-anunciada iniciativa da Prefeitura do Rio de enviar para a Câmara de Vereadores o Projeto de Lei de Inovação e o Projeto de Lei Porto 21. Tal projeto tem o propósito de criar Arranjos Promotores de Inovação em uma área geográfica de 1,74 milhão de metros quadrados na região portuária, com condições especiais para abrigar e desenvolver essa cadeia, buscando incentivar a criação de startups.
Com essa legislação de inovação, investidores e empreendedores ganhariam mais segurança jurídica para ter acesso a financiamentos, investimentos e empréstimos. Melhor ainda: iriam pagar 2% de ISS (Imposto Sobre Serviços), menos da metade dos 5% cobrados injustamente na cidade do Rio de Janeiro e que nos coloca em desvantagens sobre outros Estados que progridem através de políticas de fomento que produzem efeitos concretos em suas economias.
No entanto, embora importantes, essas iniciativas talvez sejam insuficientes para alavancar nossa economia aos patamares que necessitamos. Seria necessário ampliar o leque opções, já que projeto Startup Rio criado pelo Estado e gerido pela Secretaria de Ciência e Tecnologia através da Faperj, por exemplo, não tem tido o desembolso e o sucesso esperado. Outras iniciativas promovidas por grandes multinacionais do setor alcançaram resultados aquém das expectativas.
A recente medida judicial retornando a obrigatoriedade do repasse de 2% da receita líquida do Estado à Faperj, que tinha sido diminuído em 30% arbitrariamente pelo Executivo, é uma excelente notícia, porém somente com as transferências das receitas constitucionalmente obrigatórias teremos recursos suficientes para investir em nosso desenvolvimento tecnológico e poderemos sonhar num RIO 2025!
Benito Paret é presidente do Sindicato das Empresas de Informática — TI Rio
Fonte: Jornal O Globo
Data: 01/06/2018
Caderno: Opinião
Página: 15
Link: https://oglobo.globo.com/opiniao/rio-2025-22733744