A candidata do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Renata Souza, assumiu o compromisso de liderar um debate público sobre a definição de uma alíquota de ISS que devolva a competitividade às empresas do setor de Tecnologia da Informação do município. Em encontro com empresários do setor, organizado pelo TI Rio (o sindicato empresarial) disse que é urgente uma solução para a demanda do setor. O debate sobre o ISS, disse, será feito “de maneira franca e democrática”. Uma vez eleita – afirmou– seu governo será em uma “Prefeitura Digital”, com processos de licenciamento, cadastros, pregões e contratos online.
Segundo Renata Souza, a TI deve contribuir com o processo de transparência da gestão e, dessa forma, inibir a corrupção. Com a visibilidade e agilidade dos processos, o poder público agirá, afirmou, a serviço do interesse coletivo. A candidata acusou que a “desinformação hoje é uma política pública no Rio.”
Entre as propostas apresentadas estão investimentos em TI em áreas como saúde, educação e mobilidade urbana. No caso da saúde, citou a necessidade de agilizar atendimentos com a conexão das unidades em funcionamento na cidade em integração no Sisreg, o Sistema de Regulação, criado para o gerenciamento do atendimento ao usuário e regulação de leitos hospitalares. Defendeu também o emprego da telemedicina. Ambos, disse, são mostras do papel da TI no setor.
Na educação, lembrou que a pandemia explicitou as fragilidades com estudantes desassistidos. Classificou como “abismo educacional’ e apontou a falta de redes integradas e do acesso democrático à Internet via banda larga. Fatos que, disse, prejudicou o acesso, principalmente dos alunos mais pobres, aos conteúdos. “Vergonhoso e trágico um município do porte do Rio não ter acesso às redes”.
Ela citou seu exemplo pessoal para ressaltar a importância da capacitação. Ex-estudante de pré-vestibular comunitário na Maré, fez duas faculdades na PUC Rio com bolsas integrais e atualmente é pós doutorada pela UFF. Para ela é necessário pensar na capacitação da juventude, de forma a oferecer perspectivas de vida.
Outra área na qual afirmou que pretende investir é um centro de informações que permita ações concretas em para evitar tragédias em caso de chuvas e enchentes. “Precisamos de uma cidade inteligente”.
Para alcançar esse objetivo, a candidata do PSOL propôs que a TI seja o elo unificador de uma tríade formada por “gestão, transparência e participação popular”. Em conexão direta com o setor, disse que pretende fazer mapeamentos, gerar informações, analisá-las e tratá-las com transparência para alcançar uma cidade inteligente e conectada em rede, com políticas públicas urbanas que sejam acompanhadas pela sociedade.
Renata Souza defendeu a integração dos polos de conhecimento localizados no Rio, como a Fundação Oswaldo Cruz, o Parque Tecnológico da UFRJ. Afirmou que trabalhará para transformar a cidade numa cidade do conhecimento. “É vergonhoso numa capital com tanta potência na tecnologia, ter que importar insumos básicos”.
Ela disse que está disposta a investir recursos no fomento, de forma a reorganizar a estrutura do Rio e trabalhar com a inovação e as incubadoras para geração de soluções práticas que resolvam problemas cotidianos. Em sua visão é preciso construir uma lógica que vise superar as desigualdades e vê a TI no centro desse arranjo.
No campo da moradia, propõe o “Porto Moradia”, com a ocupação de imóveis na Zona Portuária para fins residenciais em prédios “inteligentes e interconectados”.
O poder de compra da Prefeitura, afirmou, também deve ser direcionado à transformação da cidade. Entre exemplos que citou estão a utilização dos GPS da frota de ônibus para organizar e fazer cumprir um quadro de horários, de forma que a população saiba a hora certa em que cada um dos veículos estará nos pontos. Ou usar a TI para interromper o que chama de “máfia” dos transportes, que esconde dados como o dos valores da bilhetagem. “Ninguém sabe quanto entra ou sai dos caixas. Nós não temos rabo preso e vamos poder radicalizar nessa transparência.” Outra ação que promete é instalar energia solar nos prédios da Prefeitura. “Podemos criar uma incubadora pública e transformar o Rio em um verdadeiro polo de inovação.”
O Rio já não tem tempo a perder. Estamos numa era de negacionismo. O Rio tem que ser 100% digital e vou botar a TI no centro de todas as ações. Para ela, a inovação por meio da TI é um caminho para livrar o Rio do que chamou de “petróleo dependência”, em função da informação de que 25% das receitas do estado até 2023 terão origem na indústria do petróleo.