O mercado de tecnologia da informação (TI) e telecomunicações no Brasil deve ter um crescimento saudável em 2015, mas abaixo do previsto para países vizinhos, de acordo com estimativa de representantes do setor e membros de consultorias, que participaram nesta quarta-feira, 28, de seminário realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham).
A expectativa é que esse mercado siga em expansão, mas limitado por conta do cenário de deterioração da economia brasileira e pelo risco de racionamento de energia.
De acordo com o gerente de pesquisas da consultoria IDC, Pietro Delai, o setor no Brasil deve crescer 5,0% em 2015, um avanço menor do que o patamar esperado para a América Latina (AL), que é de 6,0%. “Isso acontece porque o nosso Produto Interno Bruto (PIB) cresce menos do que o dos países vizinhos”, explicou Delai.
Na sua avaliação, os negócios do setor por aqui também foram afetados pela valorização do dólar frente ao real e pelo reajuste na taxação de importados anunciada recentemente, uma vez que boa parte dos equipamentos (hardware) vêm de fora do País. “O dólar alto não é saudável para o setor de TI”, disse.
O consultor acrescentou que o risco de racionamento de energia provocará um impacto significativo nos custos das empresas de TI, principalmente as especializadas em data centers. Nesse segmento, a energia elétrica representa cerca de 30% dos custos operacionais, observou Delai.
Na hipótese de racionamento, a energia cortada terá que ser suprida de outras formas, como uso de geradores próprios. Outra alternativa é a instalação de equipamentos com menor consumo energético. “O lado positivo da crise é que haverá mais incentivos para atualização dos parques tecnológicos”, ponderou.
Já o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sérgio Gallindo, alertou para a possibilidade de elevação da carga tributária do setor de TI em meio aos movimentos do governo federal para aumentar sua arrecadação.
O segmento de TI conta com desoneração da folha de pagamentos e pleiteia isenção de tributos sobre investimentos em data centers, além de menores alíquotas de ISS na prestação de serviços do ramo. “Há o risco e desmonte da política de desoneração”, disse Gallindo.
Na opinião do presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, o mercado de telecomunicações também sentirá os efeitos do baixo desempenho do PIB nacional. Na sua avaliação, os consumidores tendem a manter a maior parte dos gastos recorrentes com telefonia e internet, mas podem desistir de melhorar seus planos ou até optar por cortar alguns serviços caso a situação econômica piore.
“A demanda pelos serviços de telecom é inelástica. Não espero queda no faturamento do setor, mas o cenário adverso dificultará o crescimento neste ano”, avaliou.
O quadro pela frente representa um novo desafio para o setor de telecom, pois a expansão do faturamento no último ano foi impulsionada justamente pelos serviços de maior valor agregado, originada nos planos pós-pagos. As adições líquidas de celulares pré-pagos no País foram de 1,3 milhões de unidades entre janeiro e novembro de 2014, enquanto as adições líquidas de pós-pagos foram de 8,4 milhões no período, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Site: Yahoo Notícias
Data: 28/01/2015
Hora: 13h56
Seção: Economia
Autor: Circe Bonatelli
Link: https://br.noticias.yahoo.com/consultores-mercado-telecom-ti-pa%C3%ADs-deve-crescer-al-155100045–finance.html