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Pense no Rio de Janeiro, que tem essa mania de ir na contramão da história. Em levantamento feito pelo Sindicato das Empresas de Tecnologia do Rio, constatou-se que o município não conta com qualquer benefício oficial para empresas de TI. O “incentivo” que recebemos, na verdade, é estar entre as capitais brasileiras que cobram a maior alíquota de ISS para o setor (5%), ao lado de Natal e São Paulo (que também aplica 3% e 2% em determinados casos).
E não é por falta de alerta que estamos nessa. Desde 2009, tramita na Câmara Municipal oprojeto de lei n. 491, que prevê a redução da alíquota de 5% para 2%, valendo para todos os serviços de TI. Como boa parte dos vereadores, pelo jeito, não vê utilidade na indústria de TI para a cidade, talvez porque sequer saiba escrever decentemente, o projeto fica por lá, boiando. E depois reclamam que ninguém respeita o Legislativo, aquelas coisas…
Tá, mas os obstáculos ao progresso não estão apenas no âmbito do poder público, digamos assim. O setor privado também vacila. Agora mesmo está para sair uma pesquisa bem interessante, assinada pela deviceLab. A turma analisou sites que respondem por cerca de 80% do faturamento do varejo online brasileiro. Descobriu-se que, no universo mobile, absolutamente todos os sites das lojas apresentam alguma coisinha para atrapalhar o fechamento da compra. Que coisinhas? São erros no preenchimento de formulário ou na busca, falhas nos resultados, detalhes do produto, carrinho, identificação, endereço, pagamento, confirmação. Ainda segundo a deviceLab, nada menos que 12% desses entraves inviabilizam totalmente as compras. Simples assim.
Hoje, cerca de 2,5 milhões de brasileiros compram em sites através de smartphones ou tablets. A maior ocorrência de problemas é justamente no checkout, que fica com 69% das ocorrências ruins. Boleto bancário, por exemplo. Se a loja não consegue exibir o boleto, lá se vai todo o esforço para recapturar o cliente. Como se sabe, recuperar um cliente em fuga é mais caro do que conquistá-lo.
Quando esses erros rolam na primeira compra, aí mesmo é que o cliente se assusta e acaba não voltando à e-loja. Pior, ele pode até mesmo desistir do próprio e-commerce.
A deviceLab fez o estudo de usabilidade (que está disponível em http://slidesha.re/15BxM04) sob diversos ambientes e com os nove dispositivos mais usados no país, incluindo tablets e smartphones. Outros mais detalhes sobre a pesquisa serão apresentados durante o seminário da empresa no Rio Info, que este ano acontecerá de 17 a 19 de setembro, no Hotel Royal Tulip, em São Conrado. Estaremos lá, claro, porque é o evento que melhor traduz o cenário da indústria fluminense de tecnologia.
Mas tudo bem. A verdade é que eu talvez esteja sendo demasiadamente pessimista. De acordo com a Câmara-e.net, o comércio eletrônico do país fechou 2012 com receita de R$ 22,5 bilhões. Foi um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. A previsão de aumento, para este ano de 2013, é de 25%. É um belo percentual, sob qualquer parâmetro, mas poderia ser melhor.
Em tempo, chega aqui outra nota para detonar de vez o meu pessimismo: a Braspag constatou crescimento de 33% no faturamento dos dez dias úteis que antecedem o Dia dos Pais, na comparação com o mesmo período de 2012. O ticket médio das compras subiu 16%, saindo de R$ 402,79, no ano passado, para R$ 465,34 neste ano.
Tudo bem. Mas poderia ser melhor.
Jornal: O Dia
Data: 14/08/2013
Seção: Digital & Tal
Autor: Nelson Vasconcelos
Página: 29