
Enquanto gestores reclamam da suposta “escassez de talentos em TI“, uma realidade incômoda se revela: o problema não está nos profissionais, mas nos métodos arcaicos que muitas empresas insistem em usar. Essa constatação vem de Elenice Alves, gerente executiva de negócios e especialista em RH com ampla experiência no setor, que destaca como processos seletivos mal estruturados estão afastando justamente os candidatos que as empresas mais precisam.
O cenário atual é paradoxal. De um lado, recrutadores se queixam da dificuldade em preencher vagas técnicas. De outro, profissionais qualificados desistem de seleções que se arrastam por semanas, com etapas burocráticas, testes irrelevantes e entrevistas que pouco revelam sobre o real desafio da vaga. “O uso indiscriminado de ferramentas de recrutamento, sem estratégia clara, está criando barreiras artificiais“, alerta Elenice.
O que os melhores talentos buscam hoje vai muito além de salários atrativos ou home office. Eles querem entender o propósito da vaga, visualizar oportunidades de crescimento e sentir que seu conhecimento será valorizado. No entanto, muitas empresas ainda caem em armadilhas como descrições de cargo genéricas copiadas de anúncios similares, filtros automáticos mal configurados que eliminam bons candidatos por critérios irrelevantes, e processos que mais testam paciência do que competência.
A solução, segundo a especialista, exige uma transformação profunda na forma como as empresas abordam o recrutamento em tecnologia. É preciso humanizar os processos, alinhar RH com as lideranças técnicas, e principalmente, entender que em um mercado onde os profissionais recebem múltiplas ofertas diariamente, eficiência e transparência não são diferenciais – são requisitos básicos.
“Chegou a hora das empresas deixarem de culpar o ‘mercado’ e começarem a revisar seus próprios métodos”, destaca Elenice. “Quando um candidato qualificado desiste no meio do processo, a pergunta que precisa ser feita não é ‘por que não temos bons profissionais?’, mas ‘o que estamos fazendo para afastá-los?'”
Para quem deseja se aprofundar nessa reflexão leia a análise de Elenice Alves no LinkedIn.
Texto: Redação TI Rio