Benito Paret*
Em inícios de março, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a intenção de colocar suas participações acionárias em empresas de Tecnologia da Informação (TI), numa espécie de “Nasdaq Brasileira”, iniciando com quatro empresas já listadas na Bovespa, dentre as 20 empresas já apoiadas pelo Programa BNDES para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (Prosoft). Trata-se de um passo importante na busca de recursos para fortalecer as empresas nacionais do setor, via mercado de capitais.
O Prosoft, formulado em 1997, realizou suas primeiras operações a partir de 1998. Nesses quinze anos, aportou R$3,2 bilhões para capitalização das empresas, comercialização e exportação. O programa tem atendido majoritariamente as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), com aproximadamente 84% das operações. Este índice reflete a estrutura da indústria de software e serviços de TI, constituída majoritariamente por estas empresas e tradicionalmente pouco atendida pelo sistema financeiro. Os financiamentos ficam na faixa entre R$ 1milhão e R$ 10 milhões, sem garantias reais.
O setor de software nacional tem encontrado apoio para acesso ao mercado também por meio do Cartão BNDES, num volume que alcança cerca de R$720milhões. Desse montante 65% foram destinados à aquisição de software nacional e 35% para que esses fabricantes comprassem equipamentos e/ou para serviços necessários a seus funcionamentos. Somando a totalidade dos recursos, nos deparamos com um total aplicado diretamente pelo banco, principalmente em PMEs no setor de TI, de mais de R$4bilhões.
Outra forma de suporte vem por meio dos fundos de seed capital, venture capital e private equity para apoio indireto a 51 empresas de TI diferentes, com cerca de R$193 milhões, dos quais R$57milhões com recursos oriundos do BNDES. Também o anúncio do Plano Inova Empresa pelo governo federal com recursos de R$32,9 bilhões e o objetivo de aumentar os índices de inovação, competitividade e produtividade, por meio da combinação de crédito, subvenção e fomento, representa um grande avanço.
A maior parte dos recursos será destinada a financiamentos do BNDES e da Finep – Agência Brasileira da Inovação – R$20,9 bilhões, com taxas de juros atrativas, prazos de 12 anos, dos quais quatro de carência e cobertura de até 90% do investimento. Os pequenos empreendimentos poderão solicitar os recursos de financiamento diretamente em seus estados, através das agências de fomento e ou dos bancos estaduais, e o BNDES poderá incrementar novos aporte nos fundos tipo Criatec.
Não há dúvida que o papel desempenhado pelo banco, no apoio às empresas de TI, tem sido fundamental para o fortalecimento do setor. A criação da “Nasdaq Brasileira” precisa ser apoiada e incentivada, pela função que poderá exercer no futuro da indústria nacional de TI, cuja transversalidade a faz presente em todos os setores da vida humana atual. É um caminho consoante com a política iniciada no governo do ex-presidente Lula e fortalecida com o Programa TI Maior em execução durante o governo da presidenta Dilma Roussef.
* Benito Paret é Presidente do TI Rio – Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro
Jornal: Brasil Econômico
Data: 25/03/2013
Seção: Ponto de Vista
Autor: Benito Paret
Página: 47