
Procedimento inédito pode revolucionar a medicina reprodutiva com mais eficiência e precisão
Foi anunciado nesta quarta-feira (9) o nascimento do primeiro bebê concebido por meio de uma técnica de fertilização assistida totalmente automatizada, conduzida por um robô de inteligência artificial (IA). O feito, considerado um marco na medicina reprodutiva, foi descrito por pesquisadores em um artigo publicado na revista Reproductive Biomedicine Online.
A técnica utilizada foi a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) – um método já amplamente empregado em clínicas de fertilização, mas que, pela primeira vez, foi realizada sem intervenção humana direta. Todo o processo foi conduzido de forma remota, a partir de laboratórios em Nova York e Guadalajara, no México, e controlado por sistemas automatizados de robótica e algoritmos de IA.
A paciente, uma mulher de 40 anos que havia passado anteriormente por um tratamento de fertilização in vitro sem sucesso, foi submetida ao novo procedimento. Cinco óvulos foram fertilizados usando o sistema robótico, com cada fertilização levando menos de dez minutos. Destes, quatro se desenvolveram normalmente, e um blastocisto — embrião com cerca de 5 a 7 dias — foi congelado e posteriormente transferido ao útero da paciente. A gestação transcorreu sem complicações, e o bebê nasceu saudável.
Precisão além da capacidade humana – A nova abordagem automatiza todas as etapas do ICSI, integrando lasers que imobilizam os espermatozoides e os posicionam para a injeção no óvulo com precisão micrométrica. Segundo os autores do estudo, a automação garante mais consistência nos resultados e reduz o tempo necessário para a fertilização.
“Com a IA, o sistema seleciona o espermatozoide de forma autônoma, imobiliza precisamente sua parte média com um laser, e realiza a injeção com um nível de precisão além da capacidade humana”, explicou o embriologista Gerardo Mendizabal-Ruiz, um dos líderes da equipe responsável pelo projeto.
Próximos passos – Ao todo, o experimento comparou oito fertilizações: cinco usando a técnica automatizada e três com o procedimento manual tradicional. A maior parte dos óvulos manipulados pelo robô apresentou desenvolvimento normal, evidenciando o potencial da nova abordagem.
Jacques Cohen, embriologista e outro líder do projeto, acredita que a tecnologia pode tornar os tratamentos de fertilidade mais rápidos, eficazes e acessíveis no futuro. “A robótica aliada à inteligência artificial representa um novo patamar para a medicina reprodutiva”, afirmou.
Com novos refinamentos, os cientistas esperam encurtar ainda mais o tempo do procedimento e ampliar o acesso a essa inovação. O nascimento do bebê é considerado um primeiro passo promissor rumo a uma nova era da reprodução assistida.
Texto: Redação TIRio