Legado do Mundial

Muito tem sido discutido sobre o chamado “legado da Copa”, sempre focado na infraestrutura (aeroportos, estradas, transporte urbano), e nos rescaldos futuros de turismo. Mas, além destes, tem um aspecto muito importante que é a imagem externa do Brasil.

O descrédito quanto à nossa capacidade de executar a contento a Copa foi divulgado aos quatro ventos, gerando um grande ceticismo com o país. A divulgação negativa chegava a supor uma eventual transferência do evento para outro país com “real capacidade” de atender ao desafio. Discutir os interesses que movimentaram este clima é desnecessário. O importante é que a Copa foi realizada com sucesso e até o presidente da Fifa, Joseph Blater a considerou a melhor já realizada.

Exageros a parte, vale avaliar os resultados econômicos que podemos obter com o sucesso da imagem no Brasil no exterior. Viajantes brasileiros chegados do exterior destacam a impressionante imagem positiva criada para o país, considerado, até agora, por grande maioria, subdesenvolvido, desorganizado e incapaz de enfrentar desafios de tal monta.

Não há duvida de que os resultados virão com investimentos e, principalmente, respeito pelo que somos capazes de realizar, valorizando nossa indústria e em especial a nossa capacidade tecnológica.

Cabe-nos aproveitar esta onda favorável com rapidez e buscar fortalecer nossa atuação nos mercados em que atuamos e naqueles em que não estamos presentes. Temos que nos mirar no exemplo da China, que investiu pesado nas Olimpíadas e passou ao mundo a imagem de um país avançado e merecedor de grande respeito.

Precisamos, sem desprezar os espaços conquistados com nossas commodities, colocar nossa capacidade de desenvolver novas tecnologias em destaque. Em especial a Tecnologia da Informação (TI), tão comentada nos triunfos de logística e segurança durante a Copa.

Sabemos que a divisão das transações no mercado internacional é desigual. Os países desenvolvidos ficam com os produtos e serviços de alto valor agregado. Aqueles que embutem tecnologia avançada. Aos demais cabe as commodities. Do déficit estimado pelo Banco Central em torno de 80 bilhões de dólares para 2014, 45% (US$ 37,7 bilhões), têm origem neste descompasso. Esta cifra é crescente. No ano de 2014 foram 4% (US$ 36,2 bilhões)  acima do contabilizado em 2013. Por isto, considerando as projeções de incremento permanentes deste déficit, as estimativas para os  próximos anos são preocupantes. Temos, então, que aproveitar este momento favorável que vivemos com os resultados da Copa.

Esperamos do Governo e das organizações empresariais um amplo debate sobre este tema, aproveitando, inclusive, o momento eleitoral que vivemos. É hora de elevarmos  o nível da discussão para uma estratégia de longo prazo que contribua com o  desenvolvimento do país. Este é o grande Legado que todos esperamos!

Benito Paret
Presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro

Jornais: O Dia e Brasil Econômico
Data: 14/07/2014
Seção: Opinião

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