Para escolher a tecnologia adequada para apoio à inteligência de negócios, temos que previamente entender o modelo mental dos gestores relacionados às decisões.
Tal compreensão é fundamental para definir estratégias relacionadas às metodologias e recursos de tecnologia da informação e da comunicação (TIC) mobilizados para suporte ao processo decisório: indicadores-chave de desempenho (KPI?—?key performance indicators), comunidades de prática e outros meios de gestão compartilhada do conhecimento, e analytics e inteligência artificial (IA), entre outros.
A percepção dos modelos mentais ainda contribui para embasar estratégias para a gestão de pessoas: processo decisório em grupo, co-criação para inovação em modelos de negócios e transformação no trabalho dos especialistas.
Para exemplificar a formalização dos modelos mentais utilizaremos o construto apresentado na figura que se segue, relacionado ao processo cognitivo na formação do convencimento do magistrado
A formação do convencimento do magistrado se inicia com a compreensão do fato jurídico associado à lide objeto de julgamento, seguida da busca e interpretação da legislação pertinente para orientar sua decisão quanto à solução do caso concreto. Entretanto, em certas situações verifica-se lacuna nas leis: inexistência de dispositivo normativo incidente sobre a questão sob exame.
Nestes casos o magistrado deverá buscar outras fontes de apoio à fundamentação da sua decisão, notadamente:
> nas doutrinas e principios do direito, presentes em livros e artigos especializados, e/ou
> na jurisprudência, que é o conjunto de decisões uniformes e constantes dos Tribunais de Justiça e Tribunais Superiores (como o STJ e o STF), resultantes de aplicações de interpretações a casos semelhantes.
O modelo mental associado ao processo cognitivo estabelecerá os parâmetros para a concepção da arquitetura desejada de busca e recuperação do conhecimento: o que conhecer e onde buscar?
No exemplo considerado tal arquitetura deveria contemplar as seguintes fontes de conhecimento:
> conhecimento explícito: doutrina, processos e sentenças, jurisprudência e legislação, existente nos ambientes interno e externo;
> conhecimento tácito: formação básica, experiências vividas e valores presentes na mente dos detentores de conhecimento na organização (no exemplo utilizado seriam os magistrados seniores).
A partir daí poderão ser definidos com mais precisão os métodos, técnicas e ferramentas para implementação de um ambiente de inteligência de negócios e de um processo decisório embasado na análise orientada a dados, como ilustrado na figura ao lado.
Pensando em uma dimensão mais específica de tecnologias embasadas na inteligência artificial, o conhecimento anterior possibilitará o tratamento da questão de forma a encontrar respostas mais precisas sobre a direção a ser tomada quanto ao investimento na aquisição e implementação de ferramentas:
> aprendizado de máquina (machine learning)?
> processamento de linguagem natural (NLP)?
Nesta publicação buscamos responder às questões básicas que muitas empresas fazem no momento em que começam a pensar na implementação da inteligência de negócios:
> O que devemos fazer para iniciar o processo?
> Qual é o primeiro passo a ser dado?
> Quem deve ser responsável por desencadear o processo?
Buscamos responder às três questões por meio de um roteiro que se inicia pelo entendimento das características específicas do processo de gestão associado ao seu modelo de negócio, passa pela formalização do modelo mental dos gestores na tomada de decisões, e conclui-se com a concepção da arquitetura desejada de busca e recuperação do conhecimento: o que conhecer e onde buscar?
Neste sentido, a responsabilidade pelo desencadeamento da iniciativa é da Alta Administração, apoiada por especialistas como os Cientistas de Dados, porque trata-se de um processo estratégico dentro da organização.
O exemplo apresentado buscou focar o processo de formação do convencimento dos magistrados, aproveitando a experiência acadêmica e aplicada do autor, mas pode ser generalizado para qualquer tipo de instituição, desde que é voltado à implementação de um ambiente de inteligência de negócios e de um processo decisório embasado na análise orientada a dados.
Fonte: Blog Newton Fleury
Link: https://medium.com/@fleurynewton/intelig%C3%AAncia-de-neg%C3%B3cios-entenda-o-modelo-mental-do-gestor-antes-de-definir-a-tecnologia-de-apoio-f1f64d1c4916#.ikk82erys