Benito Paret
Para o usuário, a infraestrutura necessária para utilizar a internet é uma espécie de “caixa preta” da qual ele só conhece a confiabilidade e a rapidez de suas conexões. Mas é importante que entendamos seu funcionamento, já que ela é uma coleção global de redes que se conectam de vários modos diferentes, formando a entidade singular que conhecemos como Internet. Uma grande tarefa para este novo governo Dilma é redesenhar o mapa dos cabeamentos, levando a internet a todos os cantos do país e nos interconectando de forma factível com o resto do mundo.
Cada computador utiliza-se de endereços de domínio, para localizar conjuntos de computadores convertidos em um endereço IP, Internet Protocol, e o identifica em uma rede local ou pública, único meio para comunicação na Internet.
A comunicação é efetuada através de linhas dedicadas ou não, via satélite ou qualquer outro meio que acesse um roteador de um determinado provedor de serviços por meio do qual encontremos o endereço desejado, necessitando de uma “rede de transportes” denominada backbone, espinha dorsal das redes.
As operadoras de Telecom mantêm sistemas que permitem comutar os fluxos de dados através de backbones que nos conectam com o resto do mundo. Na periferia temos os provedores dos “pontos de acesso” que determinam as velocidades necessárias para atender ao usuário final.
As redes nacionais comerciais, em torno de 25, são operadas pelas empresas de Telecom e têm topografias muito variadas. Outra rede é da RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, administradora do “backbone” acadêmico do Brasil, nascida em 1989, e responsável pelo primeiro backbone internacional para a chegada da Internet no país em 1991. Conta com 27 pontos de presença em todos os estados, através do qual se interligam as universidades, centros de pesquisa e órgãos de fomento.
A primeira ligação internacional de cunho comercial data de 1994, iniciativa da EMBRATEL, conectando-nos aos EUA através da chamada AMÉRICA 1, seguida em 2000 pela AMÉRICA 2, como único meio de acessar o mundo.
Ainda em 2000, um consórcio internacional investiu num cabo ligando o Brasil à Europa, África e América do Sul, formando o ATLANTIS 2. Em 2001, entrou em operação o SAM1 interligando as três américas com um anel ótico, garantindo tráfego de voz e dados as principais cidades do continente. Em paralelo, o SAC (South Atlantic Cables) com caraterísticas semelhantes ao SAM 1, interliga os principais países da América do Sul, Central e Norte.
O grupo América Móvil, interligará Brasil, México, EUA, Caribe e Colômbia ainda em 2014, chamado de AMX 1. O Google anunciou a construção de um cabo de fibra óptica que conectará Santos e Fortaleza à Boca Raton, na Flórida, com previsão para 2016. E a Telebrás, com a Italink espanhola uma ligação direta com a Europa e a Angola Cable com Angola.
Com os investimentos programados, passaremos a dispor de mais três conexões, totalizando oito rotas, porém precisamos ampliar ainda mais nossa infraestrutura, considerando os altos custos dos acessos localizados nos Estados Unidos, acima de R$ 1 bilhão por ano.
Os organismos internacionais consideram que a banda larga tem que ter velocidade acima de 4 MB, mas no Brasil 47% não superam 2 MB, e muito concentrados na região sudeste, com 61% das conexões.
Portanto, redesenhar os cabeamentos e fazer a internet chegar a todo o país é uma necessidade e que deve ser atendida pelo próximo governo. Assim como nos interconectar de forma factível com o resto do mundo.
Benito Paret é Presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro
Jornal: Brasil Econômico
Data: 29/10/2014
Caderno: Opinião
Autor: Benito Paret
Página: 30