Falta definir o rumo

Benito Paret

A onda de “destruição criativa” que varre o planeta desde a crise financeira nos Estados Unidos, em 2008, derruba juros e promove gigantesca correção no preço dos ativos. Esse movimento cíclico da economia, descrito por Schumpeter em 1945, libera volume colossal de capital, que busca identificar os novos atores que emergirão no cenário produtivo, abrindo caminho para nova era de crescimento sustentável. 

O Brasil tem tentado identificar esses novos nichos de atividades. Não falta vontade acertar. O que falta é definir com mais clareza o rumo tomado e, talvez, ampliar o foco da estratégia adotada.

A iniciativa de viabilizar polos tecnológicos para empresas inovadoras em várias cidades; a criação, pela presidente Dilma, de programas como o Inova Empresa, com recursos de R$ 32,9 bilhões para financiar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação; o surgimento de empresas aceleradoras e incentivos a startups são todas iniciativas bem-vindas e necessárias. Provam que não estamos inertes diante das grandes mudanças que se processam e que procuramos aproveitar essa janela de oportunidades.

Startups e aceleradoras são boas iniciativas. Mas é preciso entender que inovação não é mero sinônimo de novidade. Inovação é, principalmente, fazer mais com menos. Promover ganhos de produtividade e eficiência nos processos. Encontrar novas soluções tecnológicas que aumentem a competitividade de empresas e produtos.

Não há dúvida de que o Governo Federal, estados e instituições da iniciativa privada têm investido para apoiar o empreendedorismo inovador, com ênfase na área de TI. Mas é preciso ampliar a estratégia e encontrar formas eficazes de aproximar governos, empresas e investidores que buscam novos nichos produtivos para desaguar a gigantesca poupança privada adormecida em fundos de pouca rentabilidade.

É preciso criar fóruns e espaços, em que dezenas de pequenas e médias empresas que já atuam na área de inovação e TI possam expor seus projetos e ideias, discutindo o enorme potencial que pode vir à tona como resultado do casamento de interesses.

* Benito Paret é presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio

Jornal: O Globo
Data: 17/06/2013
Seção: Opinião
Autor: Benito Paret
Página: 15

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