Educação, comércio e tributos. À primeira vista, podem parecer temas díspares. Não numa sociedade digital: essa foi a conclusão do 27º Fórum TI Rio, realizado no dia 9 de junho pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (TI Rio). As três palestras – “Do e-commerce aos multicanais”, “O futuro da educação digital” e “O ecossistema tributário” – serviram para mostrar que o uso da tecnologia da informação permeia, cada vez mais, as atividades econômicas e sociais. O debate na sede da entidade foi transmitido ao vivo e está disponível no www.ti.rio.
O debate foi conduzido pelo presidente do TI Rio, Benito Paret, e contou com a presença do presidente do Clube dos Diretores Lojistas (CDL-Rio), Aldo Carlos Gonçalves; do presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-RJ), Lúcio da Cunha Fernandes; e do professor Paulo Milet, especialista em educação a distância e sócio-fundador da Eschola.com.
– Esses temas são de grande interesse da sociedade. A multidisciplinaridade é marca registrada dos nossos tempos – afirmou o presidente do TI Rio.
Paret lembrou que os três temas serão aprofundados na 13ª edição do Rio Info, de 15 a 17 de setembro. A ideia é ampliar o debate sobre a importância da tecnologia como um motor do progresso da sociedade:
– Hoje, você não pode mais olhar esse ou aquele assunto de maneira isolada. Há uma sinergia entre as atividades que cria uma verdadeira sociedade digital. Quando tratamos um problema de forma conjunta, conseguimos evoluir mais rápido e melhor.
Os números impressionantes do comércio eletrônico
O presidente do CDL-Rio, Aldo Carlos Gonçalves, abriu o 27º Fórum TI Rio com uma série de números de tirar o fôlego. Em 2014, o e-commerce movimentou R$ 35,8 bilhões no país, com um crescimento de 24% em relação ao ano anterior. Os 103,4 milhões de pedidos de consumidores garantiram ao Brasil o décimo lugar no ranking de dez melhores mercados para o comércio eletrônico no mundo. É o único da América Latina na lista.
– Em 2009, éramos 17,6 milhões de consumidores online. Ano passado, chegamos a 61,6 milhões. Deste total, dez milhões fizeram a primeira compra pela internet em 2014 – comparou Gonçalves.
O próximo passo, na avaliação do dirigente do CDL-Rio, é a popularização do chamado m-commerce, o comércio eletrônico móvel, por meio de celulares ou tablets. Gonçalves observa que essa tendência está relacionada a uma mudança no perfil do consumidor que busca mais comodidade ao efetuar uma compra – seja na loja física, no computador ou pelo smartphone:
As empresas vão precisar de muita tecnologia para investir em multicanais de vendas. Já é possível, por exemplo, ter vendedores espalhados pelas lojas com máquinas portáteis que emitam nota fiscal, permitindo ao consumidor pagar no lugar em que ele está experimentando uma roupa, por exemplo.
O presidente do CDL-Rio lembrou ainda que o Big Data é uma ferramenta indispensável para o lojista, já que reúne uma gama gigantesca de informações sobre o consumidor – que podem ser usadas para melhorar a experiência de compra e venda.
– Quem conseguir sistematizar essas informações, terá um produto mais próximo do consumidor, criará uma estratégia de marketing mais eficiente e ainda evitará o desperdício. É bom para todos – observou Gonçalves.
Tecnologia para agradar ao leão
A implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) vem obrigando as empresas a buscar mais tecnologia para satisfazer a demanda do governo por informações sobre o pagamento de tributos e contribuições. A afirmação é do presidente do Sescon-RJ, Lúcio da Cunha Fernandes. Para atender ao leão da Receita Federal, os serviços contábeis estão mais digitais e a tendência, segundo Fernandes, é aumentar o uso de tecnologia.
– Antigamente, todo o trabalho de coletar, organizar e transmitir as informações era manual. Depois, passamos a fazer e mandar pela internet. Hoje, é digital, online. O governo tem controle em tempo real. A relação das empresas com a contabilidade mudou por conta disso – observou o presidente do Sescon-RJ.
Fernandes lamentou que, apesar dos novos mecanismos digitais de controle dos tributos, o governo não tenha se empenhado na capacitação dos usuários do sistema e mantenha manuais de instruções que são verdadeiros compêndios, com dezenas de instruções, o que se contrapõe à digitalização dos processos. Mas ele acredita que as arestas poderão ser resolvidos por meio de audiências públicas. O presidente do Sescon-RJ destacou ainda a importância do eSocial, o programa que unifica o envio de informações dos empregados pelo empregador.
– A CLT não muda, mas a forma de apresentar as informações ao governo é diferente. Toda a relação de trabalho estará consolidada em um único canal. É bom para o trabalhador e bom para o patrão – disse Fernandes.
De Harvard a Pequim num clique
Sócio-fundador da Eschola.com, um portal de cursos a distância, Paulo Milet foi taxativo durante o 27º Fórum TI Rio: nosso modelo de educação precisa mudar. E urgentemente. Milet observou que, em todo o planeta, conceitos como “life long learning” (de aprendizagem contínua), adaptative learning (aprendizado adaptado ao aluno) e gameficação (o uso de games como ferramenta de conhecimento) estão em pleno processo de expansão. Sem falar na educação a distância. As maiores universidades do mundo, entre outras, – Harvard, Stanford, Berkeley, Pequim – já oferecem uma vasta gama de cursos online.
– Se olharmos o universo educacional brasileiro, quantas pessoas estão em sala de aula? Uns 80 milhões, somando os ensinos fundamental e médio, a educação de jovens e adultos e a educação infantil. A população é de 200 milhões. Ou seja, muita gente fora do sistema – afirmou Milet.
O especialista acrescentou que a TV digital foi um avanço enorme para o ensino a distância e que os videogames não devem ser tratados como inimigos da educação. Milet acredita que, o próximo passo, está nos smartphones.
– Somar educação com mobilidade será um passo gigantesco. Hoje, você já tem aplicativos que permitem resolver uma equação ou identificar as notas de uma canção. O conhecimento está no ar – disse o empresário.
Coleta de lixo eletrônico
Até o dia 30 de junho o TI Rio recebe doações de lixo eletrônico em seu “Ecoponto” no Centro do Rio de Janeiro. É a oportunidade para descartar o material sem uso que ocupa espaço em armários e gavetas. A iniciativa está em sua quarta edição, com parceria da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), Sindilojas Rio e CDL Rio. O Ecoponto do TI Rio funciona de segunda a sexta-feira das 10 às 14horas. As entregas devem ser agendadas pelo e-mail comunicacao@ti.rio.
Inscrições Rio Info 2015
Estão abertas as inscrições para o Rio Info 2015, que acontece de 15 a 17 de setembro no Hotel Royal Tulip. Profissionais associados ao TI Rio, Assespro, Riosoft e estudantes descontos especiais.
Jornal: O Globo
Data: 16/06/2015
Caderno: Economia
Página: 19