O Brasil precisa planejar o futuro da Internet para reeditar um novo movimento com governo, setor privado, academia e sociedade para dar um salto na economia digital, afirma um dos fundadores da Internet brasileira e o segundo brasileiro a fazer parte do Hall da Fama da Internet, Tadao Takahashi, que promoveu na Rio Info 2018 o seminário ‘O Brasil e a sua Internet em 2030″.
“O projeto i2030 nasceu em 2013 quando o Brasil não conseguiu evitar que as invasões da NSA americana nas suas redes. Isso é um absurdo. Um país do tamanho do Brasil tinha de saber evitar esse tipo de ação. A sensação que tivemos foi que o Brasil ficou parado no tempo e esqueceu de planejar o futuro. A ideia do i2030 é exatamente essa. Definir ações que possam vir a ser cumpridas. Tentar não repetir os erros do passado. Nós perdemos a oportunidade de produzir roteadores em 1995. Os chineses aproveitaram. Não podemos errar mais”, sustentou Takahashi em entrevista à CDTV, do portal Convergência Digital.
Indagado se a Internet que o Brasil possui hoje é a pensada na sua criação, Takahashi diz que o resultado é parcial. Ele lamenta o fato de TICs serem vistas como verticais e não como prioridade. “Em Israel, as empresas de TI estão direcionadas para a segurança. Esse é o mercado deles. O Brasil podia ser uma potência na TI ligada à agricultura. Mas não fizemos a lição de casa”, lamenta.
Com relação às TICs, Tadao Takahashi salienta que elas são valorizadas mais de boca do que de fato, muito na parte de aplicação e entretenimento e menos do que deveriam ser como insumo para a educação, para o desenvolvimento e para a produtividade. O Brasil, observa, valoriza TIC como consumidor e deixa de lado a produção de TICs. “Esse é o maior erro. É claro que vale a pena consumir, mas vale muito a pena produzir também. E nós não estamos produzindo”. Assistam a entrevista exclusiva da CDTV, do portal Convergência Digital, com Tadao Takahashi.
Ana Paula Lobo e Pedro Costa da Convergência Digital