Inteligência e criatividade como ferramentas para superar a crise

Apesar da crise, muitas conquistas. Em seu tradicional jantar de fim de ano, o Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (TI Rio) reuniu autoridades, empresários e funcionários das empresas, com o objetivo de reforçar a ideia de que o setor é de fundamental importância para o desenvolvimento do país, o presidente do TI Rio, Benito Paret, lembrou que a tecnologia da informação brasileira nasceu no Rio de Janeiro. “Aqui estamos querendo marcar posição. A saída da crise é a nossa inteligência, nossa capacidade. Temos a obrigação muito maior de enfrentar o que vem pela frente e termos realmente nossa capacidade de liderança novamente exercida. O Rio de Janeiro fez história, faz presente e o futuro depende essencialmente de nós” – afirmou.

O fim da reserva de mercado no início dos anos 90, sem a preparação adequada das empresas aqui situadas, disse Paret, foi um baque na tecnologia da informação do Rio, pois desestruturou o setor. Ele lembrou que, do fim dos anos 1960 até os anos 1980, 70% dos softwares usados no Brasil eram produzidos no Rio de Janeiro.

Nesse momento, crê, é necessário  usar a capacidade criativa, independentemente da falta de recursos financeiros, para resgatar a história: “Já temos a inteligência, as cabeças. Por isso, estamos nos organizando, juntando forças, e esse evento é um símbolo da nossa mobilização” – convocou o presidente. Paret destacou a importância das entidades parceiras como a Assespro, a Brasscom, a Fenainfo, a Softex, e, em especial, a Riosoft, instituição coirmã, segundo afirmou. Outras destacadas foram, o Sebrae-RJ, o Sescon-RJ, o Sicoob Empresas RJ, a Firjan, o CDL Rio, a ACRJ e inúmeras entidades conveniadas, como a Linkedin, Mediare, Unimed e instituições de ensino.

Em seu discurso, listou ainda as principais realizações da entidade em 2015, como a ampliação da sua base de currículos em parceria com a rede social Linkedin; o convênio com o Ministério de Trabalho para aumentar as contratações de pessoas com deficiência e a criação do programa de tv #rioinfo e a campanha de coleta lixo eletrônico, realizada há quatro anos e que em 2015 recolheu 12 toneladas. No jantar, no Clube Ginástico Português, também foram entregues os prêmios da Copa TI Rio, de futebol, vencida pela equipe da Alterdata.

Vanguarda, Inovação e arte  

Vice-presidente da Firjan e presidente do conselho deliberativo do Sebrae/RJ, Ângela Costa destacou que o Rio de Janeiro tem perfil de vanguarda, já que a tecnologia da informação no Brasil deu os primeiros passos na cidade.

– Temos o poder da inteligência para a inovação. Mas para concretizar o avanço e o desenvolvimento, é preciso resgatar e voltar a ser um centro de TI. Já temos laboratórios, centros pensantes e instituições aglutinadoras das empresas, como Sebrae e Firjan, entre outras, têm que se unir para pegar a inteligência e resgatar essa característica. Não é difícil, só está faltando sinergia. As instituições estão trabalhando, mas separadamente. É necessário que elas se unam para formar um grande bloco a trabalhar com o governo.

 

O superintendente do Sebrae-RJ, Cézar Vasquez disse que em termos numéricos, o Rio tem carência de empresas de tecnologia da informação por questões macroeconômicas. Em compensação, afirma, há intercâmbio e mistura de pessoas e de ideias: “O pessoal de TI conversa com o de design, de moda, de publicidade digital… Existe uma integração fácil, e essa mistura é muito legal. A área de tecnologia requer criatividade com visão artística- e, nesse sentido, o Rio é um espaço particular. Estamos bem na foto, mas precisamos melhorar a divulgação.”

Ele crê que criatividade com visão artística é a fórmula para o Rio se destacar no segmento de tecnologia da informação. Ele classificou 2015 como o “ano que não começou e que não sabemos quando vai acabar” e disse que, apesar das Olimpíadas, talvez 2016 não seja suficiente para compensar.

 

Rio 2016 demanda tecnologia

O diretor de tecnologia do IRB Brasil RE, Sérgio Rosa diz que apesar de haver quem considere que 2016 será um ano difícil, a Rio 2016 é demandante de tecnologia. “Fizemos dois eventos com sucesso, a Copa do Mundo e a Jornada Mundial da Juventude, nos quais conseguimos fazer o monitoramento sem problemas. Agora é a hora em que podemos aperfeiçoar isso. Em termos de software, não existe dificuldade de produzir soluções: 2016 vai demandar muita coisa. Quando se lança um desafio para os jovens, eles respondem com solução.”

Além do turismo e do petróleo

Márcio Girão, presidente da Fenainfo – Federação Nacional das Empresas de Informática, fez um alerta: o Rio não pode pensar apenas em turismo e petróleo: a tecnologia da informação precisa compor esse pacote para o desenvolvimento econômico do setor. Segundo afirma, o Rio, para se consolidar como uma cidade inteligente, precisa de integração entre empresas, cidadão e governo, o que exige mudanças profundas no marco regulatório.

Em busca de incentivos

Para o presidente da Alterdata, empresa com 1,1 mil empregados, 900 dos quais sediados em Teresópolis, Ladmir Carvalho, o Rio tem condições de voltar a ser o centro da tecnologia do Brasil, mas precisa de mais incentivo: “Precisamos do governo. As empresas daqui gastam mais do que as de São Paulo. Os custos com telecomunicações aqui são mais caros. Isso cria uma diferença de competitividade” – disse Carvalho.

A Alterdata é a maior empresa do Estado no interior o que, afirma Ladmir, é a prova de que é possível ter uma companhia grande fora do centro: “Pode-se criar polos de tecnologia em qualquer lugar.”

Documentário e Contribuição

No jantar do TI Rio também ocorreu a pré-estreia do documentário “Inteligência Digital – Protagonismo do Estado do Rio de Janeiro no desenvolvimento da TI”. O filme, desenvolvido com apoio da Faperj, faz parte das comemorações dos 450 anos do Rio e conta a história do setor no estado com depoimentos e documentos de empresários e especialistas. 

O TI Rio reúne anualmente autoridades e empresários do setor em seu jantar, um dos eventos que realiza ao longo do ano. Benito Paret lembra que o sindicato tem como atividade estratégica, desde as negociações de convenções e acordos coletivos de trabalho e seus desdobramentos, como os bancos de horas ou a participação em lucros e resultados à presença e organização de feiras, encontros empresariais, fóruns e palestras. Um conjunto que só é viável em função da colaboração das empresas por meio de suas contribuições como afiliadas e com a Contribuição Sindical Patronal. Paret destaca que desde novembro de 2013 o Ministério do Trabalho e Emprego reconheceu a entidade como a única representativa da categoria econômica de informática no estado do Rio de Janeiro: “O recolhimento é obrigatório e nos permite buscar novos incentivos e melhores condições para as empresas de TI de nosso estado.”

 

Fonte: O Globo
Data: 17/12/2015
Página:34
Caderno: Economia

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