A evolução da tecnologia na educação precisa ser acompanhada pelas instâncias burocráticas, sob o risco delas virem a ser ignoradas, segundo alerta Paulo Milet, fundador da “Eschola.com”: “A educação digital está tornando o conhecimento acessível a todos. Contamos com a ajuda do governo na regulamentação do sistema de acreditação para que um curso online da Universidade de Harvard, por exemplo, seja reconhecido pelo Ministério da Educação aqui no Brasil. Se o governo não reconhecer, o mercado e o empregador vai reconhecer”. Ele participou nesta terça-feira, 09 de junho, de debate no 27º Fórum TI Rio. O encontro também abordou a interação da tecnologia com o mercado de varejo e o sistema tributário, temas que serão aprofundados na trilha de Sociedade Digital, durante o Rio Info 2015, de 15 a 17 de setembro.
No varejo, segundo Aldo Gonçalves, presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio (CDL Rio) e do Sindilojas Rio, a tecnologia tem mudado o estilo de vida do cidadão, permitido novos canais de compra e exigido a adaptação do setor: “O comércio brasileiro registrou no ano passado crescimento de 2,2%. Desses, 0,5% correspondem apenas ao do comércio eletrônico. Em 2009, eram 17,6 milhões de consumidores online e em 2014 foram 61,6 milhões, desses 10 milhões eram novos consumidores realizando a primeira compra”.
Aldo Gonçalves afirmou que as compras por meio de plataformas móveis também estão em alta. “Nos primeiros dois meses de 2015 já foram vendidos 8,5 milhões de smartphones, crescimento de 26% em relação ao mesmo período do ano passado. Há um grande potencial de mercado. A venda por meio de dispositivo móvel além de ágil é muito mais cômoda, já que o consumidor pode acessar a loja online de qualquer lugar ou hora. No entanto, a loja física continua sendo importante para o contato direto com o consumidor e fortalecer a relação”.
A modernização do sistema tributário, por meio da implementação gradativa do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), mudou a forma como são apresentadas as informações tributárias ao governo, segundo Lúcio Fernandes, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado do Rio de Janeiro (Sescon-RJ): “O sistema permite coletar, processar e transmitir informações de uma forma mais ágil, diminuindo a evasão fiscal e oferecendo maior controle e transparência entre o fisco e o contribuinte”. Junto, diz, há transformações no exercício da contabilidade, que hoje precisa ter maior capacitação.
Educação – Segundo Milet, a qualificação por meio de canais online é uma tendência no mercado de educação. Ele citou como exemplo diversas universidades em todo o mundo que oferecem cursos a distância gratuitos, disponíveis por meio de plataformas como a Coursera. “As pessoas aprendem diversas coisas na vida, e aprendem em diversos meios, não aprendem apenas na sala de aula. É preciso reconhecer, validar e acreditar o conhecimento”.
Outra tendência, segundo Paulo, é o uso de adaptive learning, conceito tecnológico que propõe adequar o processo de aprendizado às dificuldades do aluno. “Com o uso de Big Data, o sistema identifica quais os conteúdos em que o aluno tem maior dificuldade e reestrutura a grade de matérias de acordo com as suas necessidades, considerando que a formação e a origem de cada aluno é diferente. Essas informações são valiosíssimas”.
Controles – Segundo Lúcio, a grande novidade é o eSocial, programa para unificação do envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados, que terá um impacto positivo muito maior. “O programa vai beneficiar a todos os cidadãos, facilitando e agilizando o cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais num único canal”. Vários programas já estão em operação por meio do Sped, como é o caso da nota fiscal eletrônica, que extinguiu a antiga nota fiscal de papel, e outros documentos tributários e contábeis que passaram a ser registrados e transmitidos no formato digital.
Assista abaixo o 27º Fórum na íntegra.