A incompatibilidade de formatos, fruto da fragmentação de padrões, é um dos desafios gerados pela diversidade das plataformas tecnológicas para educação, segundo Samuel Vissotto, presidente no Brasil da plataforma de distribuição de conteúdo digital construída sobre padrões abertos Kobo. “É um desafio que também encontramos em outras áreas do desenvolvimento tecnológico, ou seja, a busca de um padrão de fato, que possa representar o maior benefício aos nossos usuários. Formatos de arquivos, flexibilidade de plataformas, interfaces abertas, são todos desafios que precisam ser contemplados.”, afirma.
Vissotto é um dos participantes do painel “Plataformas Tecnológicas para a Educação: Novas Oportunidades”, que acontece dia 17 de setembro, durante o Rio Info 2014. Com coordenação de Carlos Bielshowsky (Fundação Cecierj), conta com Antonio Botelho (Gávea Angels), Gilda Bernardino de Campos (PUC/Rio) e Maíra Pimentel (Tamboro).
“Temos que definir claramente as necessidades a serem atendidas, e em ordem de prioridade. O rápido desenvolvimento de ferramentas no universo digital (para o público em geral), algumas que não necessariamente encontram-se nos sistemas existentes, desperta também a atenção para a adoção de plataformas flexíveis, com interfaces abertas e que possibilitem integração. É importante, contudo, manter o foco na experiência dos nossos usuários, e não nas características tecnológicas da plataforma”, diz.
Vissotto vê como grande oportunidade o envolvimento maior dos especialistas que atuam nos processos pedagógicos, para direcionar melhor as soluções a serem criadas. “O mercado acadêmico oferece oportunidades imensas para provedores de soluções, principalmente pela possibilidade da adoção em massa de tecnologias relativamente uniformes. Essas oportunidades favorecem a tendência de crescimento que muitas vezes é fomentada por empresas de tecnologia, resultando em um grande número de soluções que não são exatamente as melhores alternativas pedagógicas. Mas tem-se experimentado muito, o que é bom”.
A Kobo, diz seu presidente, está atenta às demandas do mercado acadêmico e tem desenvolvido e testado soluções de conteúdo para esses ambientes. “Estamos trabalhando com os editores em modelos de negócio que possam viabilizar formas inovadoras de distribuir conteúdo digital. Os projetos podem envolver a oferta customizada de conteúdo e empréstimo de livros, entre outras soluções. Estamos aumentando significativamente o nosso catálogo de livros e conteúdos didáticos do Brasil, buscando cada vez mais uma aproximação com os estudantes e com o mercado acadêmico”, afirma.
A interface “Reading Life”, segundo Vissotto, é uma das funcionalidades que agregam valor ao conteúdo pedagógico criadas pela Kobo. Ela possibilita documentar hábitos de leitura e compartilhar índices atingidos pelos leitores, em plataformas conhecidas, como o Facebook: “Posso publicar quantas páginas eu já li, mostrar os troféus que recebi por ler muitos livros de ficção etc. Também posso comentar o que achei sobre os capítulos, se concordo e encontrar comentários de todos os outros leitores que estão lendo aquele livro nesse momento”. A interatividade e conectividade, afirma, são ferramentas cada vez mais indispensáveis para a realidade digital.
Mas, segundo Vissotto, também é importante preservar o momento dedicado à busca por conhecimento. “Procuramos respeitar o universo de leitura. No mundo físico uma das características dessa atividade é a retirada momentânea do “mundo” para mergulhar num bom livro. Não queremos muita interrupção/distração ao fazer isso”.