Dispositivos móveis impulsionam mercado de games no Brasil

O alto índice de acesso à internet – metade dos brasileiros está conectada – e o crescente uso de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, têm ajudado a popularizar os jogos eletrônicos no país. “Hoje cada portador desmartphone é um potencial jogador. Os jogos mobile são baratos e conquistaram uma multidão de novos jogadores. Muitos que não conheciam ou apreciavam o videogame sob a forma de PC ou console, hoje passam horas e gastam bastante em jogos de celulares. É um ótimo nicho de mercado”, afirma o produtor de games Rafael Bastos, da Dumativa Estúdio de Criação, um dos palestrantes do Seminário Rio Info Games, que acontecerá durante o Rio Info 2015, de 15 a 17 de setembro.

O formato mobile também se tornou uma alternativa mais barata e acessível para o desenvolvimento de games. Embora seja o sonho de qualquer desenvolvedor produzir para consoles como a Nintendo, Microsoft e Sony, os custos com licença equipamentos e outras especificações inviabilizam a produção, principalmente para os desenvolvedores individuais. “O custo de licença para desenvolver para mobile muitas vezes é mínimo, o hardware é o próprio celular, e os jogos precisam ser simples. É um ambiente mais amigável para quem quer começar”.

Por outro lado, explica Rafael, o preço de venda desses jogos também é muito baixo, muitas vezes grátis, o que demanda micro transação ou propaganda para arrecadação de recursos, ferramentas que poucas empresas sabem realmente como tirar vantagem. “Já os consoles, com todas as desvantagens de custo, têm um público que está disposto a pagar bem mais pelos jogos”.

Outra tendência do mercado de games é a realidade virtual e realidade aumentada. “Os mundos virtual e real estão migrando à medida que os aparelhos passam a fazer parte de nosso vestuário e estão presentes e integrados em nossas casas. Certamente teremos um campo novo para indústria e suas aplicações em outras áreas. Óculos, roupas inteligentes, celulares com cada vez mais funcionalidades… é fácil dizer que os próximos anos serão de mudanças radicais na forma como jogamos e tratamos o que é virtual”.

Gameficação

Além de entretenimento, os jogos se tornaram uma ferramenta poderosa de interação, promoção e treinamento. Atualmente já são usados em diversos segmentos da sociedade para facilitar o dia a dia do cidadão ou impulsionar negócios como, por exemplo, na publicidade (com os Advergames e In Game Advertising), na educação (com jogos educativos), na saúde (com jogos que dão suporte emocional a pacientes), entre outros.

A técnica do jogo induz a aprendizagem intuitiva e sua capacidade de motivar é algo estudado pelas principais universidades de tecnologia do mundo. “Existe aplicação em muitas áreas. É realmente engraçado ver como um brinquedo virou algo que é usado até em tratamento de doença ou a formação de um engenheiro. A indústria de jogos cresceu e criou pernas para as outras indústrias. Perceber essas demandas pode ser o caminho para encontrar uma oportunidade de negócio”.

O cenário nacional

A indústria brasileira de games ainda é recente – existe há aproximadamente 12 anos -, mas o mercado apresenta grande potencial. Segundo dados da Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games (Abragames), o Brasil possui 61 milhões de usuários frequentes (gamers) e ocupa o quarto lugar no ranking global, com crescimento entre 9% e 15% nos últimos cinco anos.

No entanto, segundo Rafael, ainda existe muito preconceito contra a indústria de games nacional. “Desenvolvemos um produto global, mas a nossa concorrência principal hoje é a falta de infraestrutura. Tem mercado e produto pra todos os gêneros, mas falta ecossistema no Brasil que permita atingir um grau de maturidade da produção para que se possa competir com a produção internacional. Mas já há grandes jogos que têm sido bem recebidos pela crítica internacional”.

O produtor de games brasileiro é criativo e tem perfil empreendedor, mas a falta de investimentos dificulta o desenvolvimento do mercado no país, segundo Rafael. “A melhor forma ainda é seguir os passos de países que desenvolveram sua indústria rapidamente, por meio de fomento e incentivo governamental, embora ainda estejamos muito no início desse processo. Também existem editais de fomento, pesquisa e até eventos especializados em juntar desenvolvedores e investidores. Ficar de olho nessas oportunidades é fundamental”.

Fonte: Rio Info

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