Garantir agilidade ao processo de desenvolvimento com a premissa de manter a competitividade e atratividade do negócio é um dos grandes desafios da indústria do software. A comunicação, colaboração e integração entre o time de desenvolvedores e profissionais de TI pode ser o melhor caminho, como defende o movimento DevOps. De acordo com pesquisa divulgada no início do ano pela empresa britânica Vanson Bourne, 73% das empresas de software dizem conhecer o conceito, mas a maioria ainda não o coloca plenamente em prática. A pesquisa ouviu 1.425 executivos em 15 países, sendo, desse total, 150 no Brasil.
Segundo Guilherme Horta Travassos, pesquisador do Grupo Engenharia de Software Experimental (ESE) da Coppe/UFRJ, moderador de painel sobre o tema durante o Rio Info, as empresas brasileiras ainda estão descobrindo, discutindo e planejando suas estratégias de DevOps. “O movimento é relativamente novo em todo o mundo.
Observamos iniciativas de adoção das práticas por empresas situadas no Brasil, mas não temos conhecimento de relatos de adoção de DevOps nas organizações brasileiras”.
O termo, que ficou popularizado a partir da primeira conferência de administradores de sistemas chamada “DevOps Days”, em 2009, na Bélgica, abrange práticas diferentes e colaborativas na execução de tarefas associadas às atividades finais (downstream) do processo de desenvolvimento e da operação do software, tais como geração de builds, deployment, testes e evolução. “Entretanto, há evidências de que práticas envolvidas neste contexto vêm sendo executadas há mais tempo por empresas como Flickr e Amazon, por exemplo”.
Aproximadamente quatro em cada dez das grandes empresas que participaram da pesquisa indicaram já ter implementado alguma prática DevOps. Essa percepção entre as empresas de menor porte foi de 42%. Segundo Guilherme, os princípios do DevOps se adaptam bem às pequenas empresas, mesmo que em uma escala menor, e possivelmente terceirizando algumas das operações para a “nuvem”, por exemplo. “Cada nova prática demanda um conjunto diferente de mudanças, inclusive do ponto de vista cultural da organização. E isso varia caso a caso, uma vez que a maneira como as empresas entendem DevOps, os arranjos organizacionais e os níveis de experiência profissional variam bastante. Necessitamos reduzir o empirismo neste contexto para aprimorar a tomada de decisão relacionada a estas questões”.
Mesmo que não existam evidências científicas, há diversas afirmações que apontam possíveis benefícios de DevOps para o ciclo de vida do software. “Para melhor caracterizar as vantagens e desvantagens é necessário que as experiências das organizações sejam relatadas/compartilhadas e, acima de tudo, estudadas para que possamos ter mais confiança na utilização das práticas previstas. Isso varia de acordo com o perfil e a maturidade organizacional”.
Para Guilherme, no entanto, a preocupação com a eficiência do uso de DevOps não é diferente do que ocorreu, e ainda ocorre, por exemplo, com os métodos ágeis. “Muito foi prometido com a adoção das práticas ágeis, mas o que se observou através de casos concretos na indústria e estudos na academia é que em muitas situações é necessário um balanceamento entre práticas ágeis e processos ditos “tradicionais” para se obter agilidade com qualidade no processo de desenvolvimento”.
O painel “Desenvolvimento x Operações: Impactos na criação e entrega de software” faz parte da programação do seminário “Tendências no Desenvolvimento de Software”, que será realizado no dia 17, e contará com a participação dos especialistas no tema Breno de França, também do Grupo ESE/ Coppe/UFRJ, Gleison Santos, da Unirio, e Marcos Kalinowski, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Fonte: Rio Info