“Orientamos as organizações a terem um novo modelo administrativo que já use a inteligência artificial para ‘empoderar’ o cliente, porque isso já começou a ser feito. Deve-se mudar o modelo administrativo para conquistar novos clientes e mantê-los. É o caso do Netflix, do Uber, do Ifood. A TV Globo pode não ter percebido, mas o futuro dela é o Youtube”, afirma Carlos Nepomuceno, curador geral | ML21 – Escola Canadense Brasileira de Estratégia Digital, que participou do seminário Mundo 3.0 no Rio Info 2018 nesta terça-feira, 25.
Segundo o professor, “é preciso se preparar para viver um mundo onde o cliente quer estar, e já está, empoderado; com plataformas que ajudam na descentralização do poder que antes era de grandes empresas em cada setor. Hoje, pode-se observar que muitas das empresas que lideram no mercado possuem plataformas participativas e de pulverização (como as acima citadas) nas quais o cliente tem maior poder de escolha e de gestão, avaliando os serviços e os ‘funcionários’”.
Na mesma linha Cezar Taurion, head & partner digital transformation da KICK Ventures/presidente i2a2 (Instituto de inteligência Artificial Aplicada) afirma que a Inteligência artificial já é uma realidade: “Quando falamos em IA, falamos em possibilidades, consideramos repensar o futuro que já está no presente à luz de novas possibilidades”. Opinião semelhante tem Nepomuceno que afirma: “a era digital já é o momento presente, no futuro haverá outras novidades, por isso, pensar que a inteligência artificial é o futuro já é estar atrasado”.
Carlos Nepomuceno é enfático em afirmar que ainda se pensa o futuro de forma uni modal e com parâmetros pessoais, seguindo o padrão vigente do mercado. Para ele, já é possível e necessário pensar o futuro de forma bimodal e que dê poder de escolha e gestão. “Índio não quer apito. Índio quer apitar. Se ele não puder apitar, ele muda de plataforma. Estamos diante de uma mudança civilizacional. ‘Uberização’ de tudo. Depois é ‘blockchain’ de tudo. Com o passado aprendemos que o homem resolve problemas de complexidade dando poder ao cidadão”, frisa.
Com o olhar observador e analítico sobre o presente, eles consideram ser possível refletir e reinventar sobre as possibilidades do futuro que já batem à porta e trazem melhorias por meio da tecnologia. Acreditam que o poder centralizado que as entidades têm irá desaparecer em pouco tempo. Por isso, só será possível se manter forte no mercado, acompanhando o avanço da tecnologia e da inteligência artificial, com o compartilhamento do poder com o cidadão.
Paulo Braga, moderador do painel, recordou que “há quatro anos, quando começamos a debater este tema no Rio Info, a mesa não rendia tanto como hoje. As pessoas não compreendiam bem e não conseguiam interagir. Hoje tivemos um debate pulsante. É um sinal”.
Os especialistas acreditam que os novos modelos de negócios e de administração e o uso cada vez mais possível e intensivo da inteligência artificial (IA), que facilitam processos, corresponde ao avanço natural da tecnologia digital no dia a dia da sociedade. Esta é a composição do cenário atual, que já determina demandas de cunho socioeconômico com o caminho inevitável, garantem. É uma realidade que se sobrepõe às empresas e instituições tradicionais e por isso provoca uma transformação e atualização digital urgente.
A IA é entendida como uma espécie criada pelo homem, completamente nova e parte de uma nova revolução das mídias, como o papel, o rádio, a televisão e a internet já foram. Pode-se esperar que uma enorme parte das atividades administrativas serão feitas com IA. As startups também poderão ser assim gerenciadas.
Cezar Taurion considera necessário repensar o modelo educacional quanto ao seu conteúdo e dentro da sala de aula, uma vez que ainda utiliza o giz e o quadro negro. Ele diz que ainda vivemos em uma sociedade construída com base na revolução industrial, da qual seguimos os horários, o modo de produção e de consumo. No entanto, afirma, já estamos na era digital. Por isso, é hora de se atualizar. “As escolas ainda educam e formam para a sociedade de hoje, não a de amanhã. Precisamos de um novo modelo que eduque e forme para as possibilidades do futuro”.
“O grande desafio é a transição. A máquina não substituirá o homem, mas sim a profissão. Porém, como sempre fez, com o tempo o homem se adapta. Como fazer esta transição é uma questão política que envolve diversas áreas, inclusive o sistema educacional. É um desafio, mas é possível de ser feito, pois a criatividade humana não tem limites. Há dez anos não se ganhava dinheiro como “youtuber” e não existiam os profissionais que desenvolviam os sistemas IOS e Android, por exemplo”, pontua Taurion.
Com o desenvolvimento tecnológico, o homem precisa descobrir outras competências que o permitam desenvolver novas atividades e profissões. Esse é o desafio para a política, pro mercado, pras corporações, pras startups, pra gestão organizacional, pro sistema educacional. Todos, segundo os palestrantes, devem repensar suas áreas e gerar novas atividades, atualizar seus modelos que já estão desgastados. “Já começamos a sair da era industrial e precisamos nos enxergar na era digital”, define Taurion.