Dias melhores virão. A expectativa do setor de tecnologia de informação para 2018 é positiva, na avaliação dos participantes do Jantar Anual das Empresas de Informática que encerrou as comemorações pelos 30 anos do TI Rio (Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro). Empresários, autoridades e representantes de entidades de classe reunidos no Clube Ginástico Português, no dia 4, lembraram que há muitas demandas – como a reforma tributária, a Lei de Informática, a desoneração da folha de pagamento e as mudanças no PIS/Cofins – mas a perspectiva de estabilidade da economia promete um período mais promissor.
“É hora de juntar esforços e convocar todos os que possam contribuir com alternativas. O Rio de Janeiro, que é um espaço de repercussão nacional, precisa se reinventar. Temos os maiores centros de pesquisa, a gente tem inúmeros institutos, universidades federais, escolas técnicas, formação em abundância, empresas que têm demonstrado a sua capacidade de resistir. Precisamos nos articular para fazermos um Rio melhor e um país melhor”, afirmou o presidente do TI Rio, Benito Paret, lembrando ainda que o setor precisa se articular melhor para evitar que as verbas de ciência e tecnologia sejam, mais uma vez, contingenciadas e cortadas.
Durante a confraternização, que contou com cerca de 150 convidados, o TI Rio exibiu um vídeo institucional, destacando os pontos altos de sua história. Ao longo de três décadas, o sindicato participou ativamente das discussões da Lei da Terceirização, da Lei da Informática e da desoneração da folha de pagamento. Organizou dezenas de fóruns, debatendo temas relevantes para a sociedade. Ofereceu às empresas associadas assessoria jurídica especializada e descontos em instituições de ensino e planos de saúde, promoveu a integração entre elas, inclusive com a realização anual da Copa TI Rio de futebol, e coordenou as negociações coletivas de trabalho.
Além disso, o TI Rio, há 15 anos, promove, em parceria com a Riosoft, o Rio Info, o mais tradicional evento de tecnologia do Brasil. O encontro faz parte da estratégia do sindicato de estimular a geração de novos negócios e de promover a inovação. Também pensando nisso, a entidade realiza atividades em diferentes regiões do Estado do Rio, para troca de experiências, networking e internacionalização das empresas.
Desde sua fundação, o TI Rio tem investido em pesquisas, tanto de RH como de avaliação do setor e do mercado. O compartilhamento de tendências de tecnologia e de gestão é outra vertente de forte atuação, bem como a divulgação de novas oportunidades de negócios e de financiamento. E, de olho nos jovens, o sindicato promove, anualmente, a Copa Rio Info de Algoritmos, que revela talentos entre jovens dos ensinos médio e técnico. A responsabilidade social é outra marca registrada da entidade, seja com ações de sustentabilidade, seja trabalhando as questões de responsabilidade social.
Retomada da economia é animadora
A discussão sobre a desoneração da folha de pagamento é uma das questões cruciais do setor de TI para 2018, na opinião do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ). O parlamentar lembrou que, entre 2010 e 2014, quando a desoneração era obrigatória, o setor gerou 195 mil empregos, passando de 682 mil para 877 mil trabalhadores.
“Essa questão é vital para o setor. A tributação menor está ligada a mais investimentos e mais empregos”, disse Pansera.
Para o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, chegou a hora de interromper o que classificou como “desmonte da capacidade criadora” da indústria no país:
“Seis décadas de desenvolvimento estão sendo jogadas no lixo. As entidades setoriais precisam se unir para evitar que o Brasil volte a ser um mero exportador de matéria-prima”, disse Celestino.
Na avaliação de Edgar Serrano, presidente da Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo), 2018 apresenta muitos desafios, inclusive pelo fato de ser um ano eleitoral:
“Temos algumas reformas importantes no horizonte. Vamos ver como as coisas se ajeitam no ano que vem”, disse ele.
“Os negócios estão em um processo de retomada, graças a estabilidade monetária. A expectativa é que continuem assim”, acrescentou o presidente da Associação das Empresas de Serviços de Processamento de Dados (Assespro Nacional), Jeovani Salomão.
Alguns setores já estão sentindo essa retomada, como destaca o diretor-superintendente do Sebrae-RJ, César Vasquez:
“Alguns segmentos estão em franca expansão, como os de database e big data”.
“Há uma perspectiva positiva em relação ao setor de petróleo e a área de medicina, que tem crescido bastante”, completou o economista Mauro Osório.
O diretor de desenvolvimento do Sebrae-RJ, Evandro Peçanha, também tem uma expectativa positiva para 2018:
“Um setor que trabalha com a inovação, que oferece uma perspectiva para os jovens e que é tão estratégico para o Rio não pode ficar parado. Talvez, o ambiente pareça pouco promissor, mas tenho certeza que vamos superar a crise em breve.
Cinco décadas de incentivo à inovação
O diretor de Inovação da Finep, Márcio Girão, recebeu uma placa comemorativa do cinquentenário da instituição e lembrou que, dos 750 funcionários, 30% são mestres ou doutores:
“A Finep é uma instituição que se sobrepõe ao tempo, que tem, como uma de suas principais características, o capital intelectual. Nós respiramos inovação, trabalhamos a inovação como ninguém.
Em cinco décadas de existência, a Finep já financiou mais de 30 mil projetos de inovação em todo o país. Hoje, em sua carteira de financiamento, de 40 a 50% dos clientes são empresas de TI. Para o presidente do sindicato, Benito Paret, a entidade “tem papel muito estratégico” para o desenvolvimento da tecnologia da informação. “É um parceiro importante para o setor e precisa ser valorizada”, afirmou ele.
Fonte: O Globo
Data: 20/12/2017
Seção: Economia
Página: 27