Em posição privilegiada como depositário de várias bases de dados, o Estado patina em integrar as informações e se valer das ferramentas de análise de Big Data em benefício da população. As amarras, mais do que pudores com a privacidade dos cidadãos, estão na “propriedade” dos dados.
“O Estado tem uma rica base de dados. Tem bons sistemas. Mas, de um lado, a visão do cidadão não foi inserida. Veja-se o Siafi, que é excelente, mas só os contadores conseguem usar. E também não adianta termos um modelo de interoperabilidade fantástico se tem ‘donos’ dos dados”, destaca o diretor de operações do Serpro, Wilton Motta.
O tema foi debatido no IT Security, seminário da Network Eventos, realizado em Brasília nesta terça, 5/8. O próprio Motta lembrou de um dos bem sucedidos exemplos de uso das informações, o aplicativo Sinesp Cidadão, pelo qual é possível checar placas de automóveis pelo smartphone.
Como o sistema busca dados nas bases estaduais, é um uso eficaz, ainda que os tais “donos” dos dados mantenham-se cada um no seu quadrado. A experiência, no entanto, encontra aparente dificuldade em se reproduzir. “Mal se iniciou a discussão de ‘informação e governo’”, afirma o presidente da Dataprev, Rodrigo Assunção.
Ele lembra que a barreira técnica não. “Não precisamos unir registros, o que é até bom porque nos faz interoperar. Tampouco importa quantos números identificadores existem, CPF, NIT. Para a TI, isso não é mistério. Portanto, não há problema tecnológico, mas político, de prática e de governança.”
Segundo Assunção, “o Marco Civil da Internet foi estruturado em embate forte com o mercado, com as instituições bancárias. Foi patrocinado pelo governo, mas não discutiu um ator que mais liberalidade toma com dados de qualquer sociedade, que é o próprio governo”.
“Cruzamento de informações é fundamental. Mas levantam questões. Como permitir acesso a ‘nossos’ bancos de dados por pesquisadores? Tentamos anonimizar as informações, até porque, como mostrou uma pesquisa nos EUA, com acesso a CEP, idade e sexo é possível identificar 75% das pessoas”, ressalta o diretor do Datasus, Augusto Gadelha.
O manancial é valioso, insiste. “Os bancos de dados da área de saúde do Brasil são dos mais ricos do mundo, mais de 240 milhões de registros de pessoas, que imaginamos sejam 150 milhões de pessoas por conta da duplicidade.” Mas aí, recorda, também se esbarra nos ‘feudos’, nas informações de hospitais privados, por exemplo, ou de unidades municipais.
Site: Convergência Digital
Data: 05/08/2014
Hora: ——
Seção: Cloud Computing
Autor: Luis Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=37411&sid=97#.U-Ev_eOrrkU