Dependência global do COBOL e o desafio da IBM em modernizar a linguagem

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Desde sua criação em 1959 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em parceria com fabricantes tecnológicos da época, o COBOL (Common Business Oriented Language) tem sido uma linguagem central para sistemas de negócios, apesar de sua complexidade e dificuldade de adaptação a novas tecnologias. No entanto, à medida que o tempo passa, a necessidade de modernização torna-se cada vez mais urgente.

A IBM, gigante da tecnologia, planejava aposentar o COBOL, considerado obsoleto, e anunciou em agosto do ano passado uma solução inovadora: o Code Assistant para IBM Z. Esta plataforma utiliza inteligência artificial para traduzir o COBOL em Java, uma linguagem mais moderna e amplamente conhecida. A expectativa era que essa ferramenta estivesse disponível até o final de 2023, oferecendo uma alternativa viável para atualizar sistemas antigos. No entanto, a implementação revelou-se mais complexa do que o previsto.

A IBM tem investido na plataforma de inteligência artificial watsonx, projetada para converter código COBOL em linguagens mais contemporâneas. Apesar disso, Keri Olson, responsável pelo projeto, admitiu que, embora o watsonx auxilie na refatoração de aplicativos, ainda é necessária a intervenção de desenvolvedores humanos. Isso se deve ao fato de que “o mundo depende de um código de 60 anos que ninguém mais conhece”, conforme destacou Olson.

Skyla Loomis, vice-presidente da IBM Z Software, explicou que o watsonx pode gerar entre 80% e 90% do código necessário, mas ajustes finais ainda dependem de programadores. A proposta da IBM é melhorar a produtividade, mas não substituir completamente o desenvolvedor humano.

A escassez de especialistas em COBOL é um problema crescente. Durante a pandemia, esforços foram feitos para treinar novos profissionais na linguagem, e a IBM ofereceu cursos gratuitos. Mesmo assim, a quantidade de desenvolvedores capacitados continua a diminuir. Um estudo de 2022 revelou que ainda existem cerca de 800 bilhões de linhas de código COBOL em uso, especialmente em sistemas bancários, onde quase metade utiliza essa linguagem.

Em relação à inteligência artificial como solução, a IBM reconhece que sua tecnologia ainda é nova e não totalmente comprovada, mas mantém-se otimista. Olson afirmou que, embora ainda não existam estudos de caso publicados sobre o assistente de código watsonx, a empresa confia em sua vasta experiência com computação Z e clientes de mainframe, além de sua expertise em IA, para superar os desafios atuais.

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