Enquanto o debate sobre inteligência artificial e o futuro da tecnologia ganha força em congressos, universidades e nas grandes empresas de tecnologia, as escolas de samba do Rio de Janeiro vão mostrar que também são espaços potentes para reflexões sobre o tema. No Carnaval 2025, a Mocidade Independente de Padre Miguel levará para a avenida um enredo que questionará o avanço desenfreado das tecnologias e proporá uma reflexão sobre o papel da humanidade em um mundo cada vez mais dominado por máquinas e inteligência artificial.
Com o tema “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar!”, a verde e branco da zona oeste do Rio embarcará o público em uma viagem intergaláctica, explorando as noções de passado, presente e futuro. O enredo, inspirado em um saber da astronomia, destacará que, ao olharmos para as estrelas, estamos, na verdade, observando o passado, devido à distância das constelações em relação à Terra. Mas a Mocidade irá além: usará essa metáfora para questionar o rumo que a humanidade está tomando com o avanço da tecnologia.
Tecnologia versus natureza – Em meio a carros alegóricos futuristas e fantasias que mesclarão elementos cósmicos e tecnológicos, a escola criticará a onda “virtual” e o crescimento acelerado das inteligências artificiais. “O que será do ser humano em um mundo de robôs?”, provocará a agremiação, sugerindo que o verdadeiro progresso não está diante das telas, mas na valorização da natureza e na conexão com o meio ambiente.
A Mocidade hasteará a bandeira da preservação ambiental, denunciando os efeitos do aquecimento global, da poluição e dos eventos climáticos extremos. Desastres provocados por queimadas e temporais serão retratados com críticas contundentes, mas também com um grito de esperança: “A mão que fez a bomba ainda faz um bom samba”, lembrarão os carnavalescos, em uma referência ao clássico samba de 1996, “Criador e Criatura”.
A Mocidade Independente de Padre Miguel abrirá os desfiles da terça-feira, 3 de março, último dia de Carnaval. Após amargar o décimo lugar em 2024, a escola aposta todas as fichas em um enredo que mistura crítica social, reflexão tecnológica e esperança por um futuro melhor. Agora, aguarda ansiosa para ver se sua mensagem ecoará não apenas nas notas dos jurados, mas também na consciência do público.
O desfile da Mocidade promete mostrar que as escolas de samba são mais do que espetáculos de cores e alegria: são espaços de resistência, crítica e debate sobre os grandes temas da humanidade. Em um mundo cada vez mais digital, a agremiação lembrará que, por trás de toda inovação, está o ser humano – e que o futuro só será brilhante se estiver em harmonia com a natureza.
Música, tecnologia e esperança – Com interpretação do cantor e compositor Zé Paulo Sierra, em seu segundo ano à frente da escola, a Mocidade promete entregar um desfile emocionante, que misturará tradição e inovação. E, ao final da avenida, deixará uma pergunta no ar: em um mundo de robôs e inteligência artificial, qual é o lugar do samba, da natureza e da humanidade? A resposta, talvez, esteja nas estrelas – e no coração de cada folião.
Texto: Redação TI Rio