A suspensão intempestiva da utilização do aplicativo WhatsApp e a discussão sobre a limitação no uso da internet se somam a outras questões atuais do mundo digital. Podemos citar o exemplo do Uber e de outros serviços, como os sites de vendas on-line que não cumprem o combinado e outras situações que geram “confrontos”, veiculados constantemente em nossa mídia.
Infelizmente, até hoje, ainda não foi regulamentado o Marco Civil da Internet, que permitiria a gestão mais civilizada destas questões, evitando-se decisões administrativas ou judiciais muitas vezes arbitrárias.
É necessário que se faça isso com urgência, porque cresce o potencial de conflitos, com novas informações sobre os avanços na denominada “internet das coisas”, com incríveis avanços na utilização dos recursos da web.
Na indústria, a denominada Fabrica 4.0; no comercio, o controle desde as vendas até os estoques; nas nossas vidas cotidianas, incrementos para aumentar nossa segurança, mover nossos veículos e gerir diversas atividades na vida familiar. Das empresas criativas surgirão novas facilidades para o nosso dia a dia e tudo quanto a nossa mente nos permite imaginar.
Num cenário ideal da internet, a melhor alternativa seria o uso ilimitado das conexões, permitindo usufruto pleno dos avanços atuais e futuros da tecnologia da informação. Por isso, é importante a discussão sobre a fixação das franquias e o cumprimento das velocidades contratadas pelas operadoras.
Existem países que oferecem banda larga fixa de qualidade e volume ilimitado de dados, por preços acessíveis. É o caso de Finlândia, Japão, Singapura, Letônia, Suíça, Emirados Árabes Unidos e Coreia do Sul. Mas, na realidade atual, eles são exceções; nesses países, os governos investem em conjunto com a iniciativa privada.
Esta discussão precisa ser mais ampla e transparente, visto que as operadoras não entregam as velocidades contratadas, e os serviços são caros. Isso ocorre basicamente por falta de competição e pelas altas taxas de impostos que o Brasil cobra sobre o valor dos serviços de internet.
Existem recursos gerados pelos fundos setoriais de telecomunicações, mas o governo não os aplica na infraestrutura e se apropria de mais de 90% da arrecadação de 8 bilhões de reais por ano. Talvez isso explique por que, na avaliação mundial, de acordo com dados da União Internacional de Telecomunicações, a velocidade disponibilizada no Brasil está na 93ª posição. Um vexame!
É obvio que ninguém recebe água ou luz sem cobranças proporcionais. Mas as agências reguladoras precisam ser mais eficazes para que os usuários sejam atendidos de forma correta. Precisamos avançar, atendendo às demandas que os avanços da tecnologia exigem, para que não percamos ainda mais a nossa competitividade. O mundo caminha para a internet de todas as coisas!
Benito Paret é presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro
Fonte: O Globo
Data: 10/05/2016
Horário: 00h00
Seção: Opinião
Autor: Benito Paret
Link: http://oglobo.globo.com/opiniao/de-todas-as-coisas-19267040