Criptografia de Estado está pronta, mas é pouco usada, diz DSIC

Acordos internacionais, ou o próprio Marco Civil da Internet, pouco poderão fazer para proteger o Brasil da espionagem. O país precisa de equipamentos, softwares e, principalmente, uso de criptografia nas comunicações, notadamente aquelas internas ao governo.

Esse foi o principal recado de uma audiência pública no Senado Federal na última quarta-feira, 6/11. Para o Departamento de Segurança da Informação e Comunicações, ligado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, parte importante dessa defesa está pronta.

“A legislação prevê o uso da criptografia de Estado, e quem pode e tem capacidade para fazer essa criptografia é só o Cepesc, da Abin. E não há outra forma de nos proteger no curto prazo”, diz o diretor do DSIC, Rafael Mandarino Junior.

A questão, explica fazer uso das ferramentas. “Temos 1,4 mil telefones com criptografia embarcada, para a administração federal. Apenas 100 estão em uso”, exemplifica. Para Mandarino, falta um órgão – uma secretaria, uma agência – que tenha ‘poder de polícia’ para cobrar dos demais.

“Capacidade nós temos. Em segurança cibernética, não devemos nada a ninguém. Só em recursos.”
O comandante do Centro de Defesa Cibernética do Exército, general José Carlos dos Santos, faz coro. “A chamada NSA inglesa tem orçamento de 600 milhões de libras. A NSA nem se compara, são bilhões e 32 mil funcionários. Nosso plano era ter R$ 100 milhões por ano em quatro anos. O primeiro orçamento veio de R$ 61 milhões. O segundo, R$ 75 milhões. Precisaríamos do dobro, novos R$ 400 milhões, para acelerar as medidas.”

O clima, porém, promete mudanças. “O Snowden merece uma estátua. Estamos há anos batendo na tecla da segurança cibernética. Finalmente o assunto virou moda”, diz Mandarino. Segundo ele, o uso da ‘criptografia de Estado’, com base nos algoritmos criados pelo Cepesc, será incluído, por exemplo, na oferta de “e-mail seguro”, a ser provido pelo Serpro. “Já estamos tratando disso”, afirma.

A julgar pelos expositores, no entanto, uma fragilidade importante ainda continuaria nos equipamentos, notadamente nos grandes roteadores das redes de telecomunicações. Tanto o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, como o general Santos sustentaram que não há soluções nacionais.

O tema em si não foi contraditado na audiência, mas é discutível. O próprio Martinhão citou uma fabricante gaúcha de equipamentos como sinal de avanços. O fato é que mesmo os grandes roteadores – até bem pouco inexistentes em versões verde-amarela – já podem ser encomendados de fabricante nacional.

Site: Convergência Digital
Data: 6/11/2013
Hora: 16h
Seção: Governo
Autor: Luís Osvaldo Grossmann
Link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=35335&sid=11#.UnqQeXDTllw

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