Brasil quer atrair 5 centros globais de P&D de software até 2014

O governo brasileiro quer atrair entre quatro e cinco centros globais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de multinacionais de software. O desafio de estimular empresas como Microsoft, Oracle e SAP e outras internacionais a produzirem aplicativos no país, foi lançado pelo Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (TI Maior), anunciado ontem (20/08), em São Paulo, pelo ministro da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp.

“Um edital deverá ser lançado até o final deste ano para atrair exclusivamente centros globais de P&D de multinacionais”, anunciou Rafael Rodrigues Moreira, diretor de Software e Serviços de TI do MCTI.

Segundo Moreira, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai liberar recursos para as produtoras internacionais de software interessadas em ter unidades de P&D no País. Até o próximo ano, o órgão deverá destinar 15 milhões de reais para essa iniciativa. Ele afirma que o Brasil quer entrar no radar das multinacionais de software para gerar conhecimento em TI.

Além de atração dos centros internacionais de P&D, o TI Maior espera que empresas internacionais participem do programa Certificação de Tecnologia Nacional de Software e Serviços (Certifics), que beneficia o produto brasileiro nas compras governamentais. Durante 30 dias empresas do setor poderão opinar e dar contribuições para a proposta do governo federal que deverá entrar em vigor por meio de uma portaria do MCTI.

Outras ações do TI Maior

Com investimentos de aproximadamente 500 milhões de reais para o período de 2012-2015, o TI Maior traz um pacote de medidas para fomentar a indústria de software no Brasil, considerada pelo MCTI importante para a economia do País.

Uma das ações é um programa para acelerar start ups produtoras de software. Será criada uma rede com mentores, investidores, órgãos de financiamento de desenvolvimento de pesquisas, consultoria de mercado e universidades para apoiar companhias iniciantes de base tecnológica. Grandes empresas internacionais serão estimuladas a participar desse ambiente.

O secretário de Políticas de Informática do MCTI, Virgílio Almeida, informou durante o lançamento do TI Maior que o programa de star ups terá cinco empresas aceleradoras que vão ajudar as novas empresas a se colocarem no mercado. Ele informou que em breve será lançado um edital para seleção das empresas que vão participar da iniciativa, porém, disse que os critérios ainda estão sendo alinhavados.

O governo deverá aportar 40 milhões de reais para essa iniciativa e sua expectativa é acelerar 150 novas companhias de software e TI no Brasil até 2014, sendo que 25% delas são empresas internacionais estabelecidas no País.

O TI Maior definiu 12 setores estratégicos para o desenvolvimento de softwares e soluções de alta complexidade e impacto econômico e social que são: educação; defesa e segurança cibernéticas; saúde; petróleo e gás; energia; aeroespacial/aeronáutico; grandes eventos esportivos; agricultura e meio ambiente; finanças; telecomunicações; mineração; e tecnologias estratégicas (computação em nuvem, internet, jogos digitais, computação de alto desempenho e software livre).

Em todos os casos, o programa pretende estimular desde a concepção de projetos nos institutos de pesquisa públicos e privados, até a comercialização e exportação por meio de um ecossistema formado entre representantes do governo, setor privado, academia, empreendedores e mercado de capitais.

Formação de talentos

O novo programa promete reforço também para reduzir a falta de mão de obra especializada no mercado de TI. Uma parceria foi estabelecida entre o Ministério de Educação (MEC) e Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) para criação de uma plataforma de ensino a distância que entra no ar no próximo dia 28/08 para ministrar cursos gratuitamente cursos técnicos para jovens talentos.

A nova plataforma batizada de “Brasil Mais TI”, estreia no próximo dia 28/08. Trata-se de um portal que ficará hospedado na Rede Nacional de Pesquisas e vai estabelecer parcerias com a iniciativa privada para ofertar cursos básicos de tecnologia para jovens do ensino médio.

A iniciativa faz parte das ações do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico de Emprego (Pronatec), lançado no ano passado pela presidente Dilma Rousseff, que tem a meta de financiar cursos técnicos para 8 milhões de brasileiros num período de quatro anos.

Com o serviço Brasil Mais TI, o MEC e Brasscom estimam capacitar 50 mil jovens em TI até 2014. Até 2022, o objetivo é formar os 900 mil novos especialistas necessários para atender a crescente demanda atual do setor, acima de 10% ao ano. Esse exército será adicionado à base atual de 1,2 milhão de profissionais de tecnologia da informação empregados por essa indústria.

Apoio dos empresários

O programa TI maior foi recebido com otimismo pelos empresários e entidades de classe da indústria de software. “Esse projeto nos dá condições reais de atender o mercado doméstico e global com mais competitividade, melhor aproveitamento da mão de obra e produtividade”, avalia Gérson Schmitt, presidente da Brasileira das Empresas de Software (Abes).

Schmitt lembra que o setor vinha há anos buscando apoio do governo para que olhasse o software como um ativo de inteligência replicável, que pode ser colocado no mercado local e externo. Com o TI Maior, ele acredita que o País sai da conversa de plataforma de código aberto e proprietário e passa a se preocupar em ter uma tecnologia brasileira para alcançar o mundo.

Na visão de Rubén Delgado, presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), as medidas são positivas e deverão de uma forma geral acelerar a criação de novas empresas de base tecnológica com foco em software e serviços de valor agregado, área de expertise da indústria nacional.

“É desta forma, como um fornecedor de soluções business to business, que o Brasil poderá se posicionar de forma diferenciada junto aos principais mercados mundiais”, afirma.

Para Antonio Rego Gil, presidente da Brasscom, o TI Maior é a segunda grande conquista do setor de TI, após a desoneração da folha de pagamento para indústria de software e serviços de tecnologia da informação contemplada no ano passado pelo plano Brasil Maior, lançado pela presidente Dilma Rousseff. Ele considera que o novo projeto é mais um passo que o País dá para ganhar mais competitividade, aumentar a sua força de trabalho e reduzir os custos de mão de obra.

Gil também espera que as companhias de software aproveitem os benefícios do TI Maior para serem mais éticas e regularizar os contratos de trabalho. “As companhias que não contratam pela CLT criam problemas. Elas se tolhem e não conseguem chegar ao mercado de capital porque estão afogadas em passivos trabalhistas”, constata o presidente da Brasscom.

Já Luís Luchetta, presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assesspro), destacou como aspecto positivo do TI Maior a iniciativa de o governo começar a certificar o software nacional.

O presidente da Assessoro avalia que a Lei 12.349/2010 não informa com clareza o que é software nacional. Sua expectativa é que o programa Certifics venha preencher essa lacuna, criando algo similar ao hardware nacional, que consegue provar sua origem quando se enquadra no Processo Produtivo Básico (PPB).

Site: Computerworld
Data: 21/08/2012
Hora: 7h30
Seção: Negócios
Autor: Edileuza Soares
Link: http://computerworld.uol.com.br/negocios/2012/08/21/brasil-quer-atrair-5-centros-globais-de-p-d-de-software-ate-2014/

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