Bancarização móvel provoca “saia-justa”

O “instável e pouco amigável” relacionamento entre as operadoras de telecom e as instituições financeiras atrasa a adoção de soluções de pagamento móvel e a ampliação da oferta de serviços por meio de chamado ‘banco via celular’. No CIAB 2009, evento realizado esta semana na capital paulista, apesar da apresentação de uma série de soluções para essa área, ficou evidente o desconforto que o tema causa entre os gestores das instituições financeiras.E também para as próprias operadoras que, pelo primeiro ano, simplesmente não estiveram presentes no maior evento de TI bancária da América Latina. Na disputa bancos/operadoras, quem sofre é o consumidor, principalmente, os não-bancarizados e que, hoje, possuem um terminal celular. A ‘saia-justa’ é tanta que a própria Febraban evita tocar no tema pagamento móvel.O grupo que regulamenta o serviço na entidade está com o trabalho atrasado, muito em função, dos conflitos existentes entre as partes mais interessadas: As teles e os bancos. O tema é bastante desconfortável, mas foi bastante comentado nos corredores do CIAB 2009. A maior parte dos envolvidos prefere falar no anonimato.A grande questão em jogo é: Com a evolução da telefonia, com a ida das redes para o mundo IP, o atual modelo de negócios das teles pode ser ‘dispensado’ pelos bancos mais à frente. Só que, hoje, para ter acesso ao serviço móvel, os bancos dependem das operadoras.Elas têm 100% do controle das suas redes e não abrem mão do atual modelo de cobrança – por demanda, e não por serviço, considerado o ideal por muito dos gestores bancários, que consideram o fato de as teles quererem o domínio da infraestrutura um ‘grave entrave’ para a adoção da ferramenta. E, neste caso, há quem sugira uma intervenção direta da Anatel.Certo é que quem já tem solução de mobile banking, investe em requisitos de segurança, em aplicativos internos, mas poucos debatem sobre parcerias ou contratações de novos produtos junto às teles. Fornecedores também reclamam e, muito, do impasse entre as teles e os bancos.”Temos produtos, aplicativos, mas estamos à espera de um acordo entre eles para que possamos decolar. Muitos dos aplicativos são inovadores e poderiam encontrar mercado fora do país”, lamenta um empresário.A Febraban, oficialmente, acredita que em 18 meses estará sento ativada a primeira fase do projeto de desenvolvimento de um sistema de mobile payment multibanco, idealizado para permitir a integração de todos os seus associados. Segundo informações da entidade, há um grupo de trabalho trabalhando há dois anos no projeto, que tem entre seus coordenadores, Massayuki Fujimoto, diretor de e-business do Citibank.Em palestra sobre Segurança na Web e novos serviços bancários, a Superintendente de Inovação da Caixa, Cleusa Yoshida, deu a entender que a instituição prepara sua solução de pagamento móvel, mas que, aguarda com expectativa, um acordo consensual para regulamentar a operação no país, no caso, esse sistema em desenvolvimento pela Febraban.O presidente da Spring Wireless, Marcelo Condé, que participou de seminário sobre Mobile Payment no CIAB 2009, estimou que cerca de 10% das transações financeiras online serão realizadas via dispositivos móveis na América Latina até o final do ano que vem.Dado que ratifica relatório divulgado pelo Gartner no final do mês passado. O estudo aponta que o uso do pagamento móvel (m-payment) crescerá 70.4% em 12 meses, passando de 43,1 milhões, em 2008 para 73,4 milhões este ano, mundialmente. A disputa entre teles e bancos marcou um CIAB que teve a inclusão bancária como tema-chave, não apenas no Brasil, mas na América Latina. E o caso é relevante. Hoje pouco menos de 40 milhões de brasileiros têm conta bancária. E mesmo com os esforços para o uso de correspondentes não-bancários, os serviços financeiros ainda estão distante de uma boa parcela da população. Em contrapartida, 155 milhões têm acesso a um celular.Não à toa, durante a abertura do evento, Fabio Barbosa, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou que os investimentos dos bancos brasileiros em tecnlogia são também investimentos na inclusão da população de menor renda no setor bancário e na era digital.“Quando o Brasil começou a crescer para o interior, a tecnologia deu suporte imprescindível para a expansão da rede de agências”, lembrou o executivo. Na opinião de Barbosa, a nova fronteira a ser desbravada com a fundamental ajuda da tecnologia é a bancarização dos mais largos segmentos da população. “Não só para comunidades mais distantes, para localidades mais remotas, mas também – e principalmente – para as periferias das grandes cidades”, ressaltou o presidente da Febraban. No caso da mobilidade, o consenso entre as partes interessadas parece bastante distante da realidade e do dia-a-dia do consumidor brasileiro.*Com reportagem de Fernanda Ângelo e informações da Febraban Site: Convergência DigitalData: ——Hora: ——Seção: CIAB 2009 pagamento móvel Autor: Ana Paula LoboLink: http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=19253&sid=88

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