Muito tem se falado sobre a Sociedade Digital e os desafios que ela representa para as empresas e os indivíduos. As transformações nas duas últimas décadas foram tão avassaladoras e bruscas, que as mudanças ocorrem muitas vezes, sem que nos apercebamos de suas implicações. E essa realidade, sem muito espaço para reflexão ou crítica, temos que assimilar e apreender a aproveitá-la, sem perder de vista suas implicações nos modelos de convivência e de condutas.
Os processos burocráticos são os que mais têm se alterado, mas nem sempre em benefício da sociedade. Os mecanismos de controle da arrecadação tributaria beneficia os órgãos arrecadadores, mas facilita a vida das pessoas? A informatização da justiça atende mais e melhor aqueles que a procuram para resolver seus litígios, ou visa os trâmites internos dela própria?
Não resta duvida da importância que o crescimento das redes sociais representa. Mas, aproxima de fato as pessoas, ou, em muitos casos, serve para caluniar e confundir? Sem dúvida, teremos que aprender a conviver, aproveitando todas as possibilidades de comunicação e da vivência em comum dos grupos com os mesmos interesses – ou não – e da agilidade de interação que o mundo WEB nos proporciona.
Mas, a sociedade evolui por meio de saltos tecnológicos, e sabemos que os avanços ocorrem de forma transversal, influindo na educação, na saúde, na segurança, na mobilidade, na produção de bens e serviços, etc.
A maior revolução decorrente da Sociedade Digital será a denominada Internet das Coisas, fruto do trabalho desenvolvido pelo MIT, através do Auto-ID Laboratory. O objetivo foi, desde o início, criar um sistema global de registro de bens, cujo desenvolvimento dependerá da inovação técnica em campos tão importantes como os sensores wireless e a nanotecnologia.
O seu desenvolvimento estará presente em vários dispositivos, hoje não inteligentes, que serão capazes de interagir autonomamente entre si como espécie de “computadores invisíveis” interligados à Internet e embutidos nos objetos usados no dia a dia. Podemos imaginar eletrodomésticos conectados, edifícios inteligentes, equipamentos de monitoramento médico, automóveis, sinais de trânsito, conexão de imagens, etc. Dezenas, talvez mesmo centenas ou milhares de equipamentos estarão conectados em cada residência e escritório.
A sua aplicação na indústria revolucionará os métodos de produção, comandando equipamentos a distancia, permitindo que as máquinas “conversem” entre si, agilizando os processos e racionalizando os estoques, permitindo que tudo o que for ”conversável”, seja dotado de um chip ou sensor capaz compartilhando dados em tempo real.
Na Sociedade Digital, a Saúde, uma das áreas onde há maior necessidade de acesso às informações sobre os pacientes, existe a convicção que são ingerenciáveis por métodos tradicionais baseados em papel, o que exige um significativo esforço no desenvolvimento da Informática Médica para lidar com os recursos, dispositivos e métodos para otimizar o armazenamento, recuperação e gerenciamento de informações biomédicas.
Prontuários eletrônicos, telemedicina, processamento de imagens e sinais são alguns dos avanços que, certamente, advirão num futuro próximo colocando a tecnologia a serviço de uma das atividades mais importantes que é a racionalização da saúde das pessoas.
Enfim, os avanços criarão uma nova Sociedade Digital.
Benito Paret
Presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro
Jornal: Brasil Econômico
Data: 15/12/2014
Caderno: Opinião
Autor: Benito Paret
Página: 30