<<11.jpg | | left>>O programa – lançado no final de agosto – foi apresentado na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, durante o Fórum Subvenção Econômica, realizado pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estado (Seprorj), no Centro de Convenções da Bolsa de Valores, em seqüência à série de discussões e análises sobre o impacto da adoção de Tecnologias de Informação nos diversos segmentos da economia, iniciada no final de março.
Participaram da mesa do fórum, mediado pelo presidente do Seprorj, Benito Paret, o presidente da Finep, Odilon Marcuzzo do Canto, e o presidente do Conselho Diretor da Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro e reitor da Universidade Castelo Branco, Paulo Alcântara Gomes. Para Paret, a divulgação dessa linha de subvenção foi uma grata surpresa que impõe um desafio às empresas do setor. “Precisamos ser criativos para conseguir que os recursos
venham da forma mais adequada”, afirmou.
A maior parte dos recursos (R$ 300 milhões) será destinada às áreas estratégicas da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), entre elas fármacos e medica- mentos, software, microeletrônica, bens e capitais e arranjos produtivos locais.
Outros R$ 150 milhões serão usados para amparar o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), operado pela Finep em parceria com os estados, que poderão entrar com recursos complementares na proporção de 1:1,5 de aporte da Finep – no caso do Rio de Janeiro. Na platéia, o Secretário de Planejamento do Estado, Tito Ryff, anunciou a intenção do governo de expandir os recursos destinados às inovações tecnológicas e às parcerias com a Finep.
Para Odilon Marcuzzo, já era hora de o Brasil adotar este mecanismo de política pública, empregado há muito tempo pelos países desenvolvidos, porque abre perspectivas importantes e propicia a interação do
conhecimento acadêmico com o meio produtivo. “A lei de subvenção abre uma janela onde antes só existia uma parede”, avaliou.
A aplicação de recursos não-reembolsáveis diretamente nas empresas passou a ser permitido no Brasil graças à aprovação da lei de Inovação e da lei do Bem. Até então, esse era um beneficio exclusivo das instituições científicas e tecnológicas.
Critérios para distribuição dos recursos
A distribuição de recurso da primeira chamada deve observar as seguintes orientações em relação aos temas priorizados, ao porte das empresas e à localização geográfica:
• aplicação de, no mínimo, R$ 60 milhões em micro e pequenas empresas.
• aplicação de, no mínimo, 30% do valor do valor total disponível em projetos de empresas situadas nas áreas geográficas de atuação da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e da Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE) – em atendimento à Lei
10.973/2004.
O conhecimento acadêmico no Brasil
O Brasil representa 50% da produção do saber da América Latina, mas exibe uma excessiva concentração dessa inteligência no Sul e Sudeste, onde estão 77% das fontes de pesquisa e 90% dos estudantes de doutorado. A informação é do reitor da Universidade Castelo Branco, Paulo Alcântara Gomes, que, no entanto, aponta uma deficiência no sistema acadêmico brasileiro: a baixa densidade de mestres e doutores na área de ciências exatas – como engenharia, matemática e física, cadeiras que têm afinidade com o desenvolvimento de novas tecnologias.
Mas o Brasil, segundo Odilon Marcuzzo, faz bonito na produção do conhecimento mundial, contribuindo com 1,7% do mercado internacional – a Inglaterra, para se ter uma idéia de comparação, contribui com cerca de 8%. “A produção brasileira é muito boa, coloca 30 mil mestres e 10 mil doutores no mercado a cada ano. O desafio é transformar esse
conhecimento em riqueza e melhoria da qualidade de vida da população”, afirmou.
Segundo Paulo Alcântara, apenas 10% a 12% dos mestres e doutores se dedicam às áreas tecnológicas: “Este é um ponto critico. Não teremos grandes resultados nas pesquisas elaboradas nas empresas se não incrementarmos essa participação”, O reitor ressaltou que nos Estados Unidos, diferentemente do que ocorre no Brasil, as empresas apresentam suas demandas para as universidades, que investem em pesquisa e no desenvolvimento da tecnologia para atendê-las.
Fonte: Jornal OGlobo de 29/09/2006